Totem Oporã: uma obra de arte contemporânea na Unifap
- AGCom

- 2 de nov.
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A obra representa a identidade de todos os cursos do Departamento de Letras e Artes (Depla) da Universidade Federal do Amapá.
Angela Gomes e Karen Maciel*

O totem Oporã, posicionado ao lado do Departamento de Letras e Artes (Depla) da Universidade Federal do Amapá, é um marco importante para a comunidade acadêmica. O símbolo artístico representa os elementos da beleza, convergência, identidade e poder, que faz referências aos cursos de Artes Visuais, Teatro, Letras, Libras e Jornalismo, sediados no departamento.
A coordenação artística da obra foi do professor Dr. Rostan Martins do curso de Artes Visuais. A realização do totem foi feita pelo escultor J.Marcio e contou com a participação dos acadêmicos da disciplina Tridimensionalidade (Elvis II), turma 2024.2, do curso de Licenciatura de Artes Visuais. A obra também contou com o apoio institucional do diretor do Depla, professor Dr. Marcos Paulo Torres, e do coordenador do curso de Artes Visuais, professor Dr. Joaquim César Netto.
Para entender melhor o processo de criação da obra e os significados que permeiam o Oporã, nós conversamos com o professor Rostan Martins, que explicou o processo de construção e o conceito da palavra “Oporã”, que identifica não somente os cursos, mais também à cultura amapaense. O professor é formado em Arquitetura e Urbanismo, mestre e doutor em Comunicação e Semiótica, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).
Angela Gomes e Karen Maciel - Como foi o início do projeto da obra Oporã?
Rostan Martins - É uma obra coletiva. É uma obra fruto de aulas em sala de aula de Artes Visuais em que os alunos, incentivados por mim, foram buscar ideias para a gente fazer uma obra para que o nosso departamento ficasse mais alegre, feliz e impactante. Assim, surgiu a ideia de apresentar e realizar, de não só ficar no papel, mas de construir a obra. Aí foi ideia dos alunos, do professor Joaquim, que participou das reuniões para definir a obra, e surgiu a ideia de convidar o J.Márcio, que é aluno do curso de Artes Visuais, um dos melhores escultores da cidade. Ele fez o projeto que foi discutido em sala, então ele retornou e fez um novo projeto, e assim surgiu a obra Oporã.
K. M. / A. G. - O totem representa todos os cursos do departamento. Como vocês conseguiram colocar tudo isso na obra?
R. M. - Representa também nossa identidade, cultura regional, nossos ribeirinhos. Foi uma proposta do J.Márcio que veio apresentando, como a gente queria uma obra contemporânea, não podia dar de mão beijada para o expectador, a pessoa tinha que olhar e fazer o exercício psíquico para que pudesse identificar Letras, Artes Visuais, o curso de Jornalismo. Como também identificar a nossa cultura, para que nós tivesse pertencimento a essa obra. Essas ondas do rio seria o Jornalismo, trazendo as mensagens e as notícias.
K. M. / A. G. - Foi difícil juntar tantas áreas em uma peça só?
R.M - Foi muito difícil, cada vez ia parecendo um novo elemento para colocar na obra. Colocar identidade já é um tema matemático muito grande. Nossa identidade amazônica, ribeirinha, já é um tema pra fazer muitas obras. Além disso, o objetivo principal era identificar o tema e o curso. Aí tem que pensar, desenhar, escrever. O projeto foi muito trabalhoso.
A.G / K.M - Por que a obra recebeu o nome de Oporã?
R.M- O nome também foi outra coisa difícil para a gente definir, porque a gente tinha ideia do que queríamos, mas queríamos uma única palavra. Queríamos uma palavra que significasse tudo o que a gente queria e que representasse também a nossa identidade, representasse as nossas coisas e a nossa cultura. E aí fomos buscar dialetos indígenas, vieram outras palavras, mas com tantos significados e tanta coisa para representar veio essa palavra Oporã, que é inédita, é a primeira vez que a gente está usando. Oporã representa convergência, representa beleza, representa saúde. Tem significado de identidade e poder. E aí fizemos a opção dessa palavra Oporã.
A.G / K.M - De que forma você acha que essa obra vai impactar na vida dos acadêmicos?
R.M - Ela vai impactar, primeiro, por ela ser uma obra da área de artes contemporâneas, que é uma arte que a gente estar por estudar. Por saber do que se trata, a arte contemporânea, se fosse arte clássica, colocaríamos uma escultura e todo mundo olharia para identificar. Se fosse uma arte barroca, todo mundo olharia e identificaria. A arte contemporânea não é assim. A arte contemporânea precisa de um estudo, porque o que vale na arte contemporânea é o que vem por trás dela, ou seja, o tema. Enquanto nas artes clássicas prevalece a forma, nas artes contemporâneas prevalece o conteúdo. Então, uma arte dessa, Oporã, que já começa pelo nome — que foi o nome que a gente pesquisou muito, foi uma busca para que pudesse representar isso — tem um significado muito grande de ser beleza, de ser convergência, de ser prazer, de ser tudo para representar todos os cursos que funcionam no Depla. Então, tudo isso está aqui nessa obra Oporã, que vai impactar não só no Depla, mas também impactando os alunos do campus que passam por aqui e começam a indagar. Eles não têm informações do que possa ser e vão dizer: “o que é isso?” E vão buscar essa curiosidade de saber do que se trata.
K. M. / A. G. - Como coordenador artístico da obra, qual é o sentimento de fazer parte de um projeto tão simbólico para o departamento?
R.M - Um sentimento de realizado mesmo. No primeiro momento, pensei que ficaria somente no papel, na sala de aula e no projeto. Depois que divulgamos, pois trata-se do campus da universidade e tem que pedir autorização, então foi uma correria para justificar com os alunos para aceitarem. Fomos com o coordenador do curso de Artes Visuais, ele aceitou. Essa correria foi com todos os coordenadores dos cursos. Depois falamos com o diretor do Depla, que aceitou e de primeiro ele gostou da ideia, e tomou a frente para levar às pró-reitorias para ser autorizado e chegar ao reitor que tem o poder da caneta para autorizar. E foi feito tudo isso, com uma série de justificativas, de escritos, documentos e termos, para que pudesse ter isto realizado.
K. M. / A. G. - Vocês têm planos para outros projetos relacionados a essa obra ou parecidos?
R.M - Nós temos. Depois que saiu essa obra, eu já fui solicitado aqui na universidade para que pudéssemos, ao invés de deixar o nosso curso bem alegre e feliz, deixar também o campus feliz e alegre. E temos um projeto em primeira mão, que é realizar futuras obras de artes no hospital universitário.
*Entrevista produzida na disciplina de Redação e Reportagem II, produzida pelo professor Dr. Alan Mihomem.



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