Projetos de monitoramento da biodiversidade marinha têm dificuldades no acesso à internet
- AGCom

- há 8 horas
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A falta de infraestrutura digital compromete a eficácia dos projetos na região do arquipélago do Bailique.
Por Ágatha Corrêa e Édala Costa*

Projetos ligados ao Observatório Popular do Mar (Omara) enfrentam desafios na coleta de dados devido à falta de internet no arquipélago do Bailique, distrito de Macapá, que afeta o contato com as comunidades atuantes no projeto. A falta de internet dificulta a troca de dados entre os pesquisadores do Observatório e as comunidades, que deveriam encaminhar os dados aos pesquisadores. Estes não concluem as análises para direcionar à população os problemas ambientais enfrentados e suas possíveis soluções.
Segundo a pesquisadora do Laboratório de Sensoriamento Remoto de Pesquisas Aquáticas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Francinete Facundes, é preciso o engajamento das comunidades, pois o levantamento e a coleta das informações é feito pelos voluntários e observadores do projeto que vivem no arquipélago.
São as comunidades que fazem a coleta dos dados e repassam para o IEPA. O objetivo inicial era que esse repasse fosse feito através de um aplicativo, mas houve dificuldades técnicas devido a falta de internet acessível constante às localidades. “A gente precisa estar junto deles justamente para estimular eles na participação do projeto, então tudo tem que ser muito bem planejado, porque a gente está na foz do Amazonas, um dos maiores estuários do mundo, em que a dinâmica das marés determina a nossa circulação, e temos diversas comunidades para visitar dentro do arquipélago do Bailique, por exemplo, então essa logística é bem complicada”, afirma Francinete.
De acordo com o geógrafo amapaense e voluntário do Omara, Nataliel Costa, a parceria entre a comunidade do Bailique e o projeto nasceu da necessidade de um projeto aprovado que promovesse a ciência cidadã. “O projeto completo é pensado na possibilidade de ter a ciência cidadã, sendo que as pessoas hoje que estão na frente da correlação do Omara, já são pessoas presentes dentro das comunidades do Bailique, principalmente, a professora Janaína e a professora Valdenira”, ressalta.
Outro desafio apontado pelos pesquisadores do Omara é a falta de formação profissional dentro do estado do Amapá. “Há uma carência muito grande, a oceanógrafa que trabalhava com a gente acabou mudando de cidade, porque ela não era daqui do estado do Amapá, ela era de Belém no Pará, com formação da UFPA de Belém, e acabou vindo para cá fazer treinamento com a análise de microplástico que a gente faz, e não tem quem faça aqui no estado, então ela teve que se deslocar lá de Belém para vir fazer esse treinamento com a gente no IEPA”, relata a acadêmica de Engenharia Ambiental Jéssica Amaral.
O Observatório tem como objetivo aumentar o grau de conhecimento sobre os processos costeiros que serão acelerados com as mudanças climáticas e seus impactos nos ambientes e comunidades na região da foz do rio Amazonas e litoral adjacente. O arquipélago do Bailique é um conjunto de oito ilhas que estão localizadas a 160 km de Macapá, capital do Amapá, com cerca de 40 comunidades, o que soma mais de 7 mil habitantes e enfrenta dois fenômenos distintos: o primeiro é a erosão nas margens dos rios, também conhecido como “terras caídas”; o outro é a salinidade das águas, que dificulta o acesso à água potável na região.
Em dezembro de 2024, durante escutas públicas do projeto Ministério Público Federal na Comunidade, membros e servidores visitaram nove vilas do arquipélago para ouvir a comunidade. Entre as principais demandas apresentadas pelos cidadãos estavam problemas com a energia elétrica, a escassez de água potável e a erosão.
*Notícia produzida na disciplina de Redação e Reportagem II, ministrada pelo professor doutor Alan Milhomem.




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