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Futebol também é lugar de mulher

Mulheres amapaenses realizaram grande festa no Estádio Zerão na final do Campeonato Amapaense de Futebol Feminino.


Por Ilana Moraes


O Ypiranga foi o grande campeão do Campeonato 2023. Foto: Divulgação / FAF.

Aposto que você já deve ter ouvido aquela famosa frase “Lugar de mulher é onde ela quiser”, e realmente o nosso lugar é onde nós queremos. E foi isso que acompanhamos ao longo de todo o Campeonato Amapaense de Futebol Feminino 2023, no qual meninas e mulheres mostraram que futebol é sim coisa de mulher, e que nós podemos ser tão boas quanto qualquer astro do futebol masculino.


O campeonato feminino ocorre no estado desde 2007, sob encargo da Federação Amapaense de Futebol (FAF). Ao longo desses 16 anos de competição, apenas o ano de 2022 não ocorreu disputa, pois grande parte dos times estavam com baixas nos seus elencos devido à pandemia de Covid-19 e não conseguiram estruturar times suficientes para disputa.


Este ano, a competição voltou e contou com cinco times participantes: Esporte Clube Macapá, Ypiranga Clube, Oratório, Lagoa e MV13. Ao todo, foram 12 confrontos em 5 rodadas classificatórias. A grande final foi disputada no Estádio Milton de Souza Corrêa (Zerão) entre o Clube da Torre (Ypiranga) e o Leão Azul (E.C. Macapá) numa partida eletrizante do início ao fim.


O primeiro jogo ocorreu no dia 3 de março e teve o placar de 4 X 1 para o Clube da Torre em cima do Leão Azul. O confronto final ocorreu no dia 8 deste mês, com o placar de 2 X 1 para o Ypiranga, que se consagrou pela segunda vez campeão. O Negro Anil levou para casa o prêmio de 7 mil reais e garantiu vaga direta para participar do Campeonato Brasileiro Feminino A3 em 2024, organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O segundo colocado ficou com 3 mil reais.


Vale lembrar que a equipe do Oratório Recreativo Clube é a maior campeã do Campeonato Amapaense de Futebol Feminino, possuindo 8 títulos e um vice-campeonato. Veja como ficou a classificação final do Campeonato 2023 e o ranking dos times que mais venceram a competição:


Segundo a Coordenadora de Futebol Feminino da FAF, Julle Costa, o campeonato deste ano teve uma maior participação dos torcedores, dos próprios times que trouxeram reforços fora do Estado, de atletas que retornaram para o campeonato, dos veículos de comunicação e da população amapaense.


Julle Costa, Coordenadora de Futebol Feminino da FAF. Foto: Divulgação / FAF.

“A final do campeonato era para ter ocorrido uns dias antes, mas como era um Campeonato Feminino e o dia 8 de março é um dia voltado exclusivamente para nós mulheres, achamos melhor a final ser realizada nesta data e estamos estudando a possibilidade de se tornar uma data fixa para o encerramento das próximas disputas”, afirma Julle Costa.


A esperança é que nos próximos anos a disputa tenha adesão de mais clubes e que a competição possa se estender pelo mesmo período que o Campeonato Masculino, passando a durar três meses ao invés de apenas um mês como está ocorrendo.


Histórias


Viver unicamente do futebol é o sonho de muitos meninos no Brasil, porém não é nada fácil o caminho e a concretização do sonho. Agora imagine ser mulher é ter esse mesmo sonho, parece ser algo inalcançável para muitas e tem quem diga que nunca dará certo. Infelizmente ainda temos enraizado na nossa sociedade que futebol é coisa de homem, e esse é o pensamento de grande parte dos clubes brasileiros. Mas aos poucos estamos quebrando esse tabu e um grande exemplo é Sport Clube Corinthians Paulista (Futebol Feminino) que vem investindo e mostrando grandes resultados com o seu time na categoria A1 do Campeonato Brasileiro Feminino.


Apesar das dificuldades na realidade amapaense, a Coordenadora de Futebol Feminino da FAF, Julle Costa, acredita que é questão de tempo para termos atletas locais brilhando em grandes times nacionais. “Acredito que muito em breve teremos a oportunidade de ver as nossas guerreiras do futebol feminino amapaense brilhando nos gramados de times grandes brasileiros”, afirma.


No futebol feminino amapaense também temos boas histórias de atletas que buscam vencer por meio do futebol e incentivam as meninas que estão iniciando no esporte. E foi acreditando na força do esporte e vencendo as dificuldades que Jacne Abreu, 23 anos, mais conhecida como Karine, se tornou goleira do Ypiranga. Desde muito nova, ela tinha o futebol apenas como passatempo e hoje, há pouco mais de um mês no Clube da Torre, já se tornou campeã e uma das atletas destaque da competição.


Karine foi um dos reforços do Ypiranga para o Campeonato de 2023, a jovem trabalhava de carteira assinada no Pará, mas largou tudo em busca do seu sonho de jogar futebol. Ela contou com o apoio dos seus familiares e do seu antigo Clube Castelo dos Sonhos de Castanhal (PA). A atleta destacou que tem conseguido conciliar a sua vida pessoal com a rotina de treinos, devido ao amparo que o seu clube lhe proporciona como moradia, alimentação, treino físico e mental e ajuda financeira.


“Eu trabalhava de carteira assinada no meu Estado, possuía uma estabilidade financeira, mas não me sentia completa, pois a rotina do dia a dia não me permitia participar de todos os treinos do meu antigo clube. Foi quando eu percebi que se quisesse realizar o meu sonho de me tornar uma jogadora de futebol profissional, teria que renunciar algumas coisas. E foi isso que fiz, saí da empresa e me dediquei exclusivamente ao futebol e hoje estou aqui e posso afirmar que valeu a pena todo o meu esforço e dedicação”, afirma.

Anny se dedica ao futebol desde os 7 anos. Foto: FAF.

Outro destaque deste ano foi a Anny Victoria Monteiro, a ponta esquerda de 27 anos do E.C Macapá que há 4 anos vem defendendo o manto do Leão Azul. A jovem contou que desde os seus 7 anos de idade vem se dedicando ao futebol. Ela tem conseguido conciliar a rotina dos treinos com o seu trabalho e após o término da competição ela ainda consegue ter gás para participar de campeonatos de arena e futsal. "Me preparo realizando treinos táticos no campo e físicos na academia aliados com um planejamento que realizo para cada disputa e assim consigo estar firme durante os jogos”, destaca. Vale ressaltar o time do vice-campeão é composto somente por atletas amapaenses e que no estado.


Karine, Victoria, Julle e tantas outras personalidades femininas que ouvimos falar, são exemplos de que a perseverança continua rendendo bons frutos. Não é fácil conciliar a dinâmica do dia a dia com esporte, ainda mais quando você é mãe, esposa, trabalhadora, estudante etc. Toda profissão requer um esforço nosso, mas jogar futebol em meio a um ambiente dominado por homens, falta de incentivo dos governantes, falta de apoio de alguns times são situações que desmotivam os atletas e infelizmente essa é uma realidade do nosso estado e de tantos outros no Brasil.


“Espero que os próximos campeonatos organizados pela FAF tenham um incentivo maior das esferas públicas, dos times e dos próprios torcedores. Esse reconhecimento é o principal combustível para continuação da nossa caminhada no esporte amapaense", finaliza a Coordenadora de Futebol da FAF, Julle Costa.


E se você, assim como eu, adora futebol e se sente "órfã" após o término das disputas, é melhor se preparar, pois em setembro teremos o Campeonato Intermunicipal Feminino 2023. Vale lembrar que está ocorrendo disputas femininas em arenas de bairros e nas quadras de futsal por toda a capital.


Veja alguns registros do Campeonato Amapaense de Futebol Feminino 2023:

*Reportagem produzida na disciplina de Webjornalismo ministrada pelo professor Alan Milhomem

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