Yasmim Fagundes leva talento do skate amapaense aos Jogos Universitários Brasileiros
- AGCom
- 26 de ago.
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A jovem universitária competirá pela primeira vez em um campeonato nacional de skate, que será realizado em Natal (RN).
Por Ana Caroline Palmeirim e Dhiúlia Melo*

A atleta amapaense e estudante do curso de Licenciatura em Sociologia da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Yasmim Fagundes, representará o estado na modalidade de skate nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) 2025. O evento será realizado entre os dias 5 e 19 de outubro em Natal, no Rio Grande do Norte. A jovem universitária de 19 anos, que tem como inspiração no esporte a medalhista olímpica Rayssa Leal, se destaca como uma das únicas representantes femininas do skate no estado, levando seu talento para um dos maiores eventos esportivos universitários do país.
Os JUBs reúnem milhares de jovens atletas universitários de todo o Brasil e são considerados a principal vitrine para o reconhecimento de novos talentos esportivos em diversas modalidades. A presença de atletas amapaenses neste evento nacional é um passo importante para a valorização do esporte universitário e para reforçar a importância de investir nesse setor como uma ferramenta de transformação social.
Em entrevista, Yasmim Fagundes contou um pouco sobre sua trajetória no skate, os desafios de conciliar estudos e esporte, e sobre o orgulho em representar o Amapá nos JUBs.
Caroline Palmeirim – Você já participou de quantos campeonatos? Sabe mais ou menos?
Yasmim Fagundes – Eu participei de dois, só (no Estado). Um eu ganhei em segundo (lugar), que foi o meu primeiro e o outro eu ganhei recente agora, ganhei em primeiro lugar, eu competi... Tinha categoria feminina, só que o skate aqui, feminino, é muito escasso… Já não é valorizado, né? E não tem muita mulher assim, e aí eu competi junto com os meninos em iniciantes e eu ganhei primeiro lugar.
Dhiúlia Melo – Bom, para começar, eu gostaria de saber como foi o seu primeiro contato com o skate?
Yasmim Fagundes – Meu primeiro contato foi o meu irmão. Tipo, ele tinha comprado um skate para ele, e eu nunca gostei, na verdade, falo, sendo sincera, eu nunca gostei, eu preferia patins. Só que era muito caro na época, aí meu irmão comprou um skate pra ele e aí eu comecei a ver ele andar e falei: “hum, pode ser legal”. Só que ele deixou jogado o skate dele e eu só peguei um dia. Eu tava de férias, peguei e fui pra rua, aí nisso eu peguei minha primeira queda e falei: “caramba, que legal, eu quero fazer isso”.
Caroline Palmeirim – E tu aprendeu a andar de skate como? Foi se aventurando, foi tentando?
Yasmim Fagundes – Eu aprendi sozinha, meti a cara e fui pra rua e caía, caía, caía, tentava manobra sozinha. Demorou muito, muito, muito pra eu ir pra pista e conhecer um pouco de lá, né? Então, passei bastante tempo andando sozinha.
Dhiúlia Melo – Quando você sentiu que seria interessante começar a realmente competir?
Yasmim Fagundes – Foi depois da minha primeira competição aqui. Tem a “Blast”, né, que é tipo uma comunidade de skate e eles sempre fazem campeonato. Aí eu participei pela primeira vez e eu ganhei o segundo lugar, aí falei: “nossa, que legal essa adrenalina assim”. Tipo, o skate em si já tem uma adrenalina, né, e competir com outras meninas é muito legal, aí eu falei que eu queria aquilo, que eu só queria participar. Aí eu descobri que aqui (na Unifap) tinha o JUBs e tinha skate. Aí puxei meu amigo e a gente conseguiu a vaga, a gente vai.
Dhiúlia Melo – Como você concilia a competição junto com a vida acadêmica?
Yasmim Fagundes – É muito louco porque ou eu deixo de fazer um, ou eu deixo de fazer outro. Nunca dá 100% pra focar nos dois, sabe? Só que, querendo ou não, a gente consegue, dá... Dá pra fazer legal nos dois.
Caroline Palmeirim – É, entrando nesse assunto que tu falou que nem sempre consegue focar 100% nos dois. Já teve que abrir mão de algo importante?
Yasmim Fagundes – Cara, eu fiz. Eu fiz um desse. Era um seminário que eu tinha que fazer e aí eu tinha campeonato, eu acho que no outro dia, aí então eu fui treinar, no dia anterior, e ia ter seminário no mesmo dia. Aí eu fiquei assim: “ou eu fico em casa estudando, ou eu vou pra pista”. Aí eu fiz o que? No ônibus, fui anotando tudinho o que eu tinha que falar, fui pra pista e aí eu andava um pouquinho, sentava e ficava lá. Andava um pouquinho, sentava e ficava lá. Mas aí deu certo, consegui apresentar.
Dhiúlia Melo – Você passou por muitas dificuldades até chegar aqui?
Yasmim Fagundes – Nossa, muito, meu Deus! Às vezes sempre tem aqueles altos e baixos, né? Só que parar nunca vai ser uma opção, só que às vezes, tipo, no skate, sempre tem os dias bons e os dias ruins, né? E tu estar perto de uma competição e tu estar nuns dias ruins, tu tem vontade de desistir de tudo. E ainda tem faculdade, meu Deus, são muitas coisas! Só que, querendo ou não, te distrai, né? Só que, ainda sim, pesa muito. E eu já pensei em parar várias vezes, porque realmente é complicado, tu tá tentando uma coisa que tu sabe que tu consegue, só que meio que a tua mente e teu corpo dizem outra coisa. E continuar e persistir, eu acho que é um ato muito corajoso, porque trabalha muito a mente e o corpo. E tu, só pelo fato de não desistir, eu acho que já é uma vitória pra todo mundo.
Dhiúlia Melo – E o que que te motiva a não desistir, mesmo com todas as dificuldades?
Yasmim Fagundes – Cara, eu acho que o amor, porque se fosse só por acertar, acertar, ninguém tava andando, porque o que a gente mais faz é cair. Só que eu gosto muito, mano, eu gosto muito, eu me apaixonei demais pelo esporte e acho que não teria mesmo uma coisa que fizesse eu parar, só lesão, né?
Caroline Palmeirim – Tem alguém que você consegue pensar, assim, a primeira pessoa que vem na tua mente, que te apoiou de verdade desde o início nessa jornada?
Yasmim Fagundes – Eu acho que a minha mãe... Tipo, ela sempre tava lá. Na minha primeira competição, ela ficou toda nervosa, me ligava toda hora. Mas eu acho que, sim, é a minha mãe, ela foi a que mais me apoiou durante todo esse tempo.
Dhiúlia Melo – Sobre o treino de vocês para os JUBs, vocês treinam em conjunto ou geralmente vocês treinam suas manobras individuais?
Yasmim Fagundes – O skate, aqui, ele é muito individual. Tipo, até porque ele é dividido, né? É um esporte individual, e o handebol e os outros é em grupo, né? Então, o individual é mais difícil, assim, porque a gente não tem técnico, a gente não tem basicamente nada, então o treino é a gente mesmo que faz nossos treinos e tal. Sempre tenho um amigo, né, só que agora a gente tá começando a treinar junto, pra valer mesmo.
Dhiúlia Melo – A universidade presta algum suporte a vocês nessa questão de realmente participar dos jogos?
Yasmim Fagundes – Pelo o que eu saiba, não. Eu tive que correr atrás de tudo, assim. Eu nem sabia que tinha, como você também, nem sabia que tinha (modalidade) de skate, sabe? Eu tive que mandar um e-mail, porque eu vi assim, porque um mano que andava na pista viajou, em 2023, eu acho, aí ele tinha soltado lá na pista que tinha viajado, só que eu peguei, deixei guardadinho aqui (na mente) e esqueci. Aí depois eu lembrei e aí mandei e-mail para a Unifap perguntando como é que funcionava e já tinha até começado as inscrições. Então, sim, eu que fui atrás de tudo, de tudo, de tudo. Foi aí que eu puxei meu amigo e a gente vai junto, mas a Unifap até agora, nos esportes individuais, não ajuda. Eu creio que depois que a gente viajar, eu creio que mude alguma coisa, né? Porque tem bolsa-atleta e tal, e eu espero que mude.
Caroline Palmeirim – Como você acha que o ambiente universitário pode se abrir mais para esses esportes individuais?
Yasmim Fagundes – Cara, eu acho que dá mais atenção, porque o skate é um esporte tão legal, tão divertido e nem tem gente pra (participar). Uns manos que estão espalhados por aí, só que nem sabem que existe essa possibilidade de eles irem viajar pela Unifap, né? Então, eu acho que mais divulgação. Eu queria que eles tivessem a mesma coisa que eles têm com handebol, com vôlei, o mesmo incentivo que eles têm com esses esportes, porque com o skate parece que só tá no tipo: “ah, tem”.
Dhiúlia Melo – Qual é o sentimento de representar a Unifap e o Amapá no JUBs?
Yasmim Fagundes – Nossa, falar assim dá um nervosismo. Mas, cara, eu tô achando muito legal toda essa experiência. Assim, ter a oportunidade, né, de estar representando pela primeira vez e, eu acho que eu vou ser a primeira atleta feminina do skate a competir e eu acho a sensação muito legal. E eu espero que abra portas, né, para outras meninas verem que tem skate e irem pra lá. Nossa, é uma sensação muito louca, eu gosto muito, tô gostando muito de todas essas sensações assim.
Dhiúlia Melo – Existe algum momento no skate que marcou você?
Yasmim Fagundes – Eu acho que... a minha primeira manobra difícil. Assim que eu mandei, que eu falei: “cara, realmente dá certo!”. Porque no skate tem as manobras iniciantes e tem aquelas que ‘cê’ já vai começando a ficar bom, sabe? E a primeira que eu mandei dessas eu falei: “cara, acho que é possível, tipo, eu encarar e entrar em um campeonato, não esperar por ninguém e meter a cara”. Porque eu fiquei muito emocionada, eu guardo com muito carinho a primeira vez que eu acertei uma manobra.
Dhiúlia Melo – Bom, para finalizar eu queria saber que conselho você daria para as meninas amapaenses que têm vontade de participar do esporte?
Yasmim Fagundes – Cara, só vai, só vai que é muito legal. Vocês vão gostar e, por mais que todo iniciante tenha aquele medo de não vou pra pista porque o pessoal vai me julgar, ninguém vai te julgar, tá todo mundo no seu ali, só continua. Não para, por mais que seja difícil, tenta, queda, tenta, queda, mas depois, com o tempo, você vai ver que vai valer muito a pena.
*Entrevista produzida na disciplina de Redação e Reportagem II ministrada pelo professor Dr. Alan Milhomem.
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