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"estamos preparadas para ocupar esses espaços de poder", afirma candidata

Atualizado: 28 de out. de 2022

Por: Brunna Silva


Laura Cristina, mais conhecida como Laura do Marabaixo. (Foto: Giovane Brito)


Laura Cristina da Silva, conhecida como Laura do Marabaixo é uma mulher negra do bairro mais rico culturalmente da história do Amapá, o bairro do Laguinho. Desse bairro tão autêntico Laura carrega nas suas raízes o poder do povo preto de lá, e é também querendo representar a sua história que ela está concorrendo ao pleito para deputada estadual. A AGCOM conversou com a Laura sobre a sua candidatura e sobre a importância de se eleger mulheres pretas.


AGCOM: Além da candidatura, quem é Laura do Marabaixo?


LAURA CRISTINA: "A Laura do Marabaixo é aquela preta que nasceu e se criou no bairro tradicional desse estado, que é o bairro do laguinho, que eu tenho uma paixão imensa por esse lugar, que a cultura é forte. E para minha felicidade eu descendo de uma família tradicional e de luta na verdade que é a família Ramos, sou bisneta de mestre Julião Ramos e neta de Benedita Guilherma Ramos, a tia Biló. E foi com ela que eu aprendi a importância que uma mulher preta tem dentro da sociedade e como fui criada por ela, agradeço por esses ensinamentos que me fizeram essa mulher negra forte, empoderada. E eu tive a honra e felicidade dessa fonte".


AGCOM: De onde surgiu a vontade de concorrer ao pleito eleitoral de 2022?


LAURA CRISTINA: "No início falamos da falta de representatividade da mulher. Da mulher preta que tem essa vontade, determinação e direcionamento de levantar a bandeira e defender as pautas que o povo preto deste estado precisa que seja defendido. Porque somos dessa população a maioria, entre pretos e pardos. E eu sinto essa falta desses espaços de serem ocupados por mulheres e homens pretos. Diante a dificuldade que o Amapá enfrenta, nos deparamos com um período pandêmico que mostrou qual foi a população que mais sofreu. E eu acompanhei de perto porque eu sou uma mulher preta que estou nas comunidades tradicionais e quilombolas, estou na periferia. E de perto eu vejo as dificuldades que nosso povo tem. E eu entendi que, diante de tudo que eu já venho proporcionando pro meu povo, através dos movimentos sociais dos quais eu descendo, eu sinto que os espaços que podemos estar ajudando esse povo está carente de pessoas para fazer isso pelo nosso povo".


AGCOM: Laura, tua candidatura é coletiva. Explica, o que isso quer dizer?


LAURA CRISTINA: "A candidatura coletiva surge a partir do momento que eu me deparo com esse novo modelo de candidatura. E eu sou uma pessoa que gosto de trabalhar através da coletividade. E eu também sou a idealizadora da primeira candidatura coletiva negra que teve no estado que foi a Bancada Preta, mas eu não tive oportunidade de vir porque o prazo estava estourado para eu me licenciar. Mas para minha surpresa, a candidatura da bancada preta ficou na suplência apesar do momento crítico porque foi em um período pandêmico e isso foi um resultado positivo pra gente. Então eu convidei o Daniel Ramos para construir o coletivo raízes que estamos concorrendo nesse pleito eleitoral".


Entrevista com Laura em frente à rádio universitária. (Foto: Giovane Brito)


AGCOM: Quais as dificuldades tens enfrentado enquanto mulher preta na tua campanha eleitoral?


LAURA CRISTINA: "Falta apoio em todos os sentidos. O apoio que eu tenho tido é da família, dos amigos, dos parceiros. Pra você ter noção, nós só tivemos uma tiragem, enquanto outros candidatos fizeram várias. A nossa jornada tem nos surpreendido, porque o nosso voto não é a troco de nada. Mas sim a troco da confiança e do bem querer de acender a chama da esperança, que está apagada no nosso povo. A gente tem conscientizado muito as pessoas, é preciso que se olhe para essa ferramenta que é o voto com muita responsabilidade, com muita atenção porque pode mudar o cenário horrível que estamos vivendo na política hoje. É com esse olhar que eu e Daniel estamos construindo esse projeto".


"é preciso que se olhe para essa ferramenta que é o voto com muita responsabilidade, com muita atenção porque pode mudar o cenário horrível que estamos vivendo na política hoje"



AGCOM: Laura, quando eu te olho, eu lembro de cultura. Tu és a representação de cultura do nosso estado, teu nome carrega isso, o Marabaixo é patrimônio histórico e cultural do nosso estado. Eu quero te perguntar, quais suas propostas culturais pro nosso estado?



LAURA DO MARABAIXO: "Falar de marabaixo me emociona muito porque é difícil com essa população que temos no nosso estado, e ter o marabaixo reconhecido como patrimônio imaterial do nosso estado, mas não ter uma política pública para essa manifestação, para essa cultura, e em especial para a educação, no sentido de levar para as escolas, fazer essa política caminhar pautada na Lei 10.639. Sustentar, reforçar os saberes, costumes e tradições dentro da educação. E a minha política pública é para educação onde vamos sustentar tudo isso, para que isso seja fortalecido e nossas histórias estejam na sala de aula desde a educação infantil porque não está, o marabaixo é visto como um folclore".


AGCOM: Laura, eu estava acompanhando o último ciclo do Marabaixo porque eu tenho uma amiga que estava participando, ela só tem 16 anos e eu fiquei feliz porque é um resgate cultural, nós não vemos muito jovens marabaixeiros, é uma cultura que estava se perdendo. E hoje ela pediu pra eu te perguntar se vai ter roda de Marabaixo toda sexta-feira. Então, nas tuas propostas, vai ter esse fomento para que as pessoas conheçam e participem do Marabaixo?


LAURA CRISTINA: "Então, fiscalizar e incentivar essas políticas culturais é parte principal dentro das nossas propostas. Porque é bom fortalecer e incentivar tudo isso, porque é a perder de vista quando chega turista no nosso estado, e as pessoas me perguntam onde encontrar uma roda de Marabaixo. Então as casas que têm essa responsabilidade precisam focar nisso e a nossa proposta é exatamente fortalecer e incentivar. Eu fico muito triste quando as casas de Marabaixo fecham as suas portas, porque você sai do Amapá e os outros estados respiram sua cultura. Então se faz necessário fortalecer esses projetos".


AGCOM: Laura, em quais valores são pautados a tua campanha?


LAURA CRISTINA: "Primeiro, nos valores culturais e da educação, da segurança pública e com um olhar para a valorização da nossa juventude, para as mães solos. Porque eu vejo isso através das minhas próprias experiências porque eu sou mãe solo, porque se tem poucas oportunidades de trabalhos para as mulheres. E uma das nossas propostas também é capacitar essas mulheres para que elas possam garantir sua própria sustentabilidade".


AGCOM: Por que votar na Laura do Marabaixo?


LAURA CRISTINA: "Primeiro pela representatividade que a Laura do Marabaixo tem, pelo compromisso que temos com a população que é de compromisso pelo bem viver deste povo".


AGCOM: Por que votar em mulheres pretas?


LAURA CRISTINA: "Esse voto, é um voto de garantia, de ter essas mulheres nos espaços e de entender que essas mulheres são peças principais para estarem ali, porque já fazemos uma política que aprendemos com nossas ancestrais, são passos que vem de longe e a certeza que temos disso, é saber que estamos preparadas para ocupar esses espaços de poder, que o sistema insiste em dizer que não são espaços para nós. E por estarmos preparadas e por saber que esse espaço também é nosso, que esse voto em mulheres pretas se faz necessário".



"Saber que estamos preparadas para ocupar esses espaços de poder, que o sistema insiste em dizer que não são espaços para nós. E por estarmos preparadas e por saber que esse espaço também é nosso, que esse voto em mulheres pretas se faz necessário".


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