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Foto do escritorAlan Milhomem

Cine Praça: Projeto leva cinema gratuito e ao ar livre para a comunidade

O objetivo é proporcionar lazer e entretenimento para os moradores dos conjuntos habitacionais de Macapá.


Por Anna Clara Trindade

Moradores do Macapaba durante a exibição do filme Sonic 2. Foto: Anna Clara Trindade / Jornalismo Unifap.

Surgido no século XIX e popularizado no século XX, o cinema é considerado a 7ª arte. Hoje, é possível encontrar salas de cinema em todo o mundo, principalmente nos shopping centers. Entretanto, é importante ressaltar que uma parcela da população ainda não tem acesso a esse tipo de entretenimento, principalmente no que se refere a cidades interioranas ou com um menor índice populacional.


Com o intuito de oportunizar essa experiência única àqueles que não têm condições de ir a um cinema, o Projeto Cine Praça levou essa arte até cinco conjuntos habitacionais de Macapá: Mestre Oscar, Miracema, São José, Açucena e Macapaba, respectivamente. A programação ocorreu entre março e abril de 2023. Cada edição foi realizada em um dia diferente e, em todas, foram exibidos os filmes “Sonic 2” e “Jesus”, destinados ao público infantil e às famílias dos conjuntos. Essas escolhas são resultado da tentativa de fazer a programação atingir a públicos de diferentes idades.


Flávia e Caio André. Foto: Anna Clara Trindade / Jornalismo Unifap.

Os pequenos Caio André, de 10 anos, e Flávia, de 7 anos, são moradores do Conjunto Macapaba e contaram suas expectativas para o filme Sonic 2: “A gente está muito animado. Eu espero que seja legal, muito mesmo!”, expressa Caio. Os dois são amigos e relataram que sempre brincam juntos, e não era em um momento tão especial como esse que iriam se separar.


A moradora Marina Gonçalves, de 13 anos, afirma que já foi ao cinema, mas sabe que nem todos têm a mesma oportunidade que ela. “Esse projeto é muito legal! Ajuda muitas pessoas que não têm condições de ir ao cinema. Muitas crianças têm o sonho de ir e nunca foram. Estou muito feliz com tudo isso!”, afirma.


Além da exibição dos filmes, um dos objetivos do projeto era, também, promover educação ambiental para a população. Para isso, em todas as edições foi feito um acordo com os moradores: quatro garrafas pet em troca de um pacote de pipoca. Com isso, as crianças eram incentivadas a cuidar do meio ambiente e a descartar o lixo de maneira correta. As filas eram longas, mas isso não impediu a garotada de esperar sua vez para entregar suas garrafas e conseguir a tão desejada pipoca. Enquanto aguardavam, os participantes ouviam uma música com a temática de descarte correto do lixo – de acordo com as cores das lixeiras.


Crianças na fila para trocarem as garrafas de plástico por pipoca. Foto: Anna Clara Trindade / Jornalismo Unifap.

O projeto é uma iniciativa do Instituto Cultural Educacional Formar (ICEF), em parceria com a Prefeitura de Macapá e a Rede Amazônica. Também participou dessa ação a Amazon Reuse, startup de inovação que trabalha com a cadeia produtiva dos resíduos sólidos.


Exposição de vassouras criadas a partir de garrafas pet. Foto: Anna Clara Trindade / Jornalismo Unifap.

“Trouxemos nossos ecopontos para que as crianças e as famílias que venham assistir aos filmes sejam incentivadas a cuidarem do meio ambiente e para que se divirtam também”, declara Marília Côrte, gestora de resíduos sólidos. Após recolhidas, as garrafas eram transformadas em vassouras e distribuídas a uma parcela dos moradores na edição seguinte.


O subsecretário municipal de Mobilização e Participação Popular, Cleudo Pereira, ressalta a importância da iniciativa. “Sabemos que muitos pais não têm condições de levar seus filhos ao cinema, porque o valor é muito alto, então nós levamos o cinema até a comunidade. Na oportunidade, cerca de quatro mil pessoas puderam assistir aos filmes, nas cinco edições realizadas. Momento marcante para os organizadores, mas principalmente para as famílias e crianças que participaram”, conta.


Na última edição, realizada no Conjunto Macapaba, o que não faltou foi brincadeira para a criançada: pula-pula, barraquinhas de lanche, sorteio de bicicletas e doação de brinquedos. Também contou com áreas destinadas a pessoas idosas, pessoas com autismo e cadeirantes, para que esses pudessem ter melhor conforto. Além disso, houve apresentação dos projetos sociais de artes marciais do conjunto.


“Valeu a pena essa interação entre a iniciativa privada, o poder público e a sociedade civil organizada e não organizada”, destaca Cleudo. Essas cinco edições foram o pontapé inicial para outras temporadas que estão por vir. O subsecretário garante que a ideia é retornar no segundo semestre do ano com o projeto, dessa vez nos interiores do município. “Ver o brilho nos olhos das crianças vidradas no filme, já faz tudo valer a pena. Nos deixa com o desejo de fazer novamente para dar oportunidade para que outras possam desfrutar dessa experiência única, que é o cinema”, finaliza.


Moradores do do Macapaba aguardando o início do filme. Foto: Anna Clara Trindade / Jornalismo Unifap.

*Reportagem produzida na disciplina de Redação e Reportagem III ministrada pelo professor Alan Milhomem.


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