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Projeto Urban Moviment: desmarginalização da cultura Hip-Hop e valorização de artistas do Amapá

Projeto cultural e social trabalha com crianças e adolescentes nas escolas.


Por Wellington Diego e Gabriela Vasconcelos


Foto: acervo pessoal Yanna MC

Urban Moviment é um projeto social e de cultura Hip-Hop criado pela cantora, compositora, dançarina e pedagoga Yanael Nascimento da Silva, mais conhecida como Yanna MC, em 2007. O projeto surgiu com a ideia de produzir um evento para a valorização dos artistas locais e que reunisse os quatro elementos do Hip-Hop: Rap, Breakdance, graffiti e Djing. Vinda de uma família de educadores e prestes a se formar em pedagogia, a MC tomou a decisão de levar o projeto para escolas da periferia de Macapá com objetivo de desmarginalizar a cultura Hip-Hop e ensinar os quatro elementos que fazem parte dela para crianças e adolescentes. Na passagem do projeto nas escolas, os alunos e alunas conhecem um pouco da cultura urbana e têm contato com artistas amapaenses através de oficinas e palestras. Em 2019, Moara Bandeira Negreiros, mais conhecida no meio artístico como Moka, foi convidada a participar do projeto Urban Movement para apresentar seus conhecimentos na área do grafite às crianças.


Em entrevista, ela conta que já tinha vivência na arte visual, mas ao chegar no projeto, viu a importância do grafite e da cultura hip-hop em geral. “O hip-hop chega onde o Estado não chega, é fundamental que exista esses projetos sociais, pois traz uma perspectiva para esses jovens que, muitas vezes, são influenciados pelo crime”, diz. A artista ressalta que a arte e a cultura são maneiras de abranger horizontes das crianças e adolescentes.


Marginalização da cultura Hip-Hop


Foto: acervo pessoal Yanna MC

O Hip-Hop no Brasil é discriminado e marginalizado devido às suas raízes em comunidades negras e periféricas. A cultura é frequentemente vista como marginal ou perigosa, o que resulta em tratamento desigual em questões de segurança pública, acesso à educação e oportunidades de trabalho. Essa discriminação também é fruto das desigualdades sociais e raciais da história do país. Sendo parte desta cultura, no Urban Moviment não é diferente, em seis anos de existência o projeto já passou por situações de preconceito. A criadora do projeto conta que, por não ter estúdio, teve que conseguir um espaço em um local público, onde foi tratada mal junto com dançarinos da equipe.


Um vigilante e uma mulher que trabalhavam lá na época, ficava tratando a gente mal, ou tentando negar o espaço bom, a gente pediu o espaço do teatro, ela deu uma sala pra gente e essa sala sempre estava suja. Sendo que a gente pedia para limpar e entregava o material de limpeza, que eles solicitaram”, relatou MC Yanna.


Falta de investimento


Foto: acervo pessoal Yanna MC

Outra maneira de ver a discriminação que o Hip-Hop enfrenta é na falta de apoio financeiro e institucional para projetos culturais e iniciativas artísticas, que resulta em dificuldades para muitos artistas trabalharem de forma independente ou em coletivos com poucos recursos para financiar suas atividades e produções.


O Urban nunca conseguiu receber nenhum recurso municipal ou estadual para se manter, atuando de forma independente com a ajuda dos artistas participantes.


"O Urban nunca teve patrocínio nenhum e nem recebeu valores de cultura ou secretaria. A única vez que eu fui pedir um apoio, com ofício, eles cobraram várias taxas só pra liberar o espaço da praça, então eu decidi permanecer nas escolas onde os diretores me davam abertura para realizar os eventos, seletivas de dança, batalhas e oficinas e trazer as crianças da escola para vir participar”, declara a MC. A professora, jornalista e pesquisadora no tema das relações étnico-raciais, Lylian Rodrigues, destaca que o hip-hop é uma cultura importada dos Estados Unidos e que há tempos se discute as lutas raciais em torno dela.

Fortemente tem sua luta histórica dentro de uma sociedade branca, industrial capital e mostrando toda a exploração da população, todo o passado da escravidão. Quando essa cultura chega no Brasil e começa a emergir nas sociedades periféricas mostra a potência que existia dentro dessas comunidades”, aponta a professora.


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