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Moda sustentável: produtos de baixo impacto ambiental e consumo consciente se popularizam

As pessoas e indústrias estão pensando em soluções mais responsáveis social e ambientalmente para a moda.

Por Raquel Oliveira

Edição: Aretusa Fernandes

Foto de bolsa sustentável
Bolsas com estética sustentável. Fonte: Arquivo pessoal

Você sabe para onde vão as bolsas ou roupas que descartamos quando não usamos mais? Se a resposta for não, é hora de ficar atento aos impactos que a indústria da moda pode ter no ecossistema, pois elas podem estar contribuindo para a poluição ambiental. Por isso, é importante apoiar iniciativas que valorizam e se preocupam com a questão ecológica, é a chamada moda sustentável.


Este conceito é a área da moda que se preocupa em pensar soluções mais responsáveis social e ambientalmente para todo o ciclo de vida de uma roupa. Isso leva em consideração o impacto ambiental, social e econômico da produção de roupas, acessórios e calçados.


Nesse universo da moda sustentável, o conceito de Upcycling aparece com frequência. Traduzido como "reciclagem para cima", refere-se a um processo inovador que utiliza materiais e resíduos reciclados para criar um novo produto com valor igual ou superior ao dos objetos originais.


Um exemplo, em Macapá, é a marca de vestuário Selvática, que trabalha com a reutilização de retalhos de tapeçaria, roupas de brechó e entre outros materiais. A dona da marca e artista têxtil, Fernanda Bastos, destaca qual os principais materiais utilizados nas confecções das vestimentas.


“Nossa principal matéria prima para compor o design das peças são resíduos têxteis de tapeçaria gerados na etapa de corte, na qual são recolhidos após a fabricação de sofás ou cadeiras de escritórios. Além disso, já utilizamos peças jeans e roupas de brechós nas produções”, afirma.

Mochila sustentável
Mochila ecológica. Fonte: Arquivo pessoal

A ideia é dar um novo destino ou prolongar o tempo de vida útil de peças que seriam descartadas e consequentemente transformadas em “lixo” no meio ambiente. Fernanda explica que a iniciativa ocorreu por conta da preocupação ambiental.


“A indústria da moda tem procurado como posicionamento nos últimos anos e reflete a necessidade atual de novas práticas de consumo e de cobrar uma indústria tão poluente como a têxtil. Além disso tudo, é importante pontuar que nossos produtos não irão durar a vida toda, mas sempre buscamos aumentar a durabilidade para fazer com que o tempo de vida útil deles seja o maior possível, oferecemos ajustes nas peças e pensamos em práticas mais sustentáveis”, pontua.


A marca também está em processo de implementação de uma nova prática chamada “zero waste”, em tradução, lixo zero. Uma prática que aproveita todo o material e que não gera lixo durante a produção. Como mostramos nas imagens a seguir, os retalhos que seriam descartados são reutilizados e se transformam em novas peças. Assista:

A psicopedagoga Kayla Micaele é uma das pessoas que conheceram o papel fundamental da reutilização das peças, para além da “estética”, contribuído para o equilíbrio ecológico do planeta.


“Eu não nunca tinha pensado em peças de tapeçaria sendo reaproveitadas, depois que passei a acompanhar de perto, mudou a minha visão do mundo ao meu redor, sempre que vemos algum tecido que pode ser reaproveitado, tento pensar onde ele encaixaria em uma peça, sendo roupa ou bolsa. Muitas pessoas não fazem ideia dessa possibilidade, falando por mim mesma, antigamente a única ideia que passava na cabeça era doar ou descartar, e hoje sei que tem finalidade melhor”, afirma.


Consequências da moda no meio ambiente

A engenheira ambiental Cláudia Simmony explica as consequências que o lixo descartado pela indústria têxtil pode causar. "Estudos revelaram uma extensa gama de resíduos ao longo do ciclo de vida têxtil, abrangendo desde a produção dos fios até a tecelagem e confecção. Esses resíduos contribuem para a contaminação do ar, da água e do solo, desencadeando catástrofes naturais, surgimento de doenças, mudanças climáticas e alterações nas paisagens. Além disso, representam uma ameaça à biodiversidade", relata.


Enquanto não são pensadas outras práticas, os efeitos da indústria têxtil no meio ambiente são significativos. Vale destacar que, segundo Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), rupas velhas, retalhos e couro descartados somam 4 milhões de toneladas por ano no Brasil.

Mais de 4 milhões de resíduos da indústria têxtil são gerados no Brasil. Foto: neenawat khenyothaa / shutterstock.com

De acordo com a engenheira Cláudia Simmony, o destino da maior parte do volume de resíduos gerado é o meio ambiente ou a incineração em fornos apropriados, que produz poluição atmosférica.


“Analiso a moda como uma variável determinante na cadeia produtiva têxtil. Ela determina o potencial da produção segundo a tendência do momento. Então, os impactos negativos que a moda causa à natureza são proporcionais à dimensão da produção têxtil”, ressalta a engenheira ambiental.


Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), realizada em 2021 na Escócia, a esfera da moda se comprometeu com a diminuição de gases de efeito estufa em até 50% até o ano de 2030. O compromisso inclui 130 empresas e 41 organizações de apoio.


*Reportagem produzida na disciplina de Webjornalismo ministrada pelo professor Alan Milhomem.

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