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Garimpo e mudanças climáticas serão pautas dos indígenas do Amapá no Acampamento Terra Livre 2023

O evento será realizado entre os dias 24 e 28 de abril em Brasília.

Por Agnes Matilde

Simone Karipuna, secretária dos Povos Indígenas do Amapá | Foto: Agnes Matilde / Agcom.

A 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), que ocorrerá entre os dias 24 e 28 de abril, na Praça da Cidadania, em Brasília, deve reunir mais de 5 mil participantes representando os mais diversos povos indígenas do Brasil. Do Amapá, 11 povos devem estar presentes no evento representando quatro territórios do estado e do norte do Pará. O evento é organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e tem como tema: O futuro indígena é hoje. Sem demarcação não há democracia.


Considerado a maior assembleia indígena do Brasil e do mundo, o ATL é considerado pela secretária Extraordinária dos Povos Indígenas do Amapá, Simone Karipuna, uma grande expressão anual dos povos indígenas. “Ela traz a junção de vários povos, de várias línguas, de várias culturas e expressões, sejam elas na arte, sejam elas na voz de mulheres, de jovens, de anciões, de homens... E, culturalmente, nós do Amapá e do norte do Pará sempre estivemos com a representatividade dos onze povos nesta comitiva e sempre tentando se superar a cada ano”, afirma.


Por questões do custo de locomoção e do pouco apoio, é pretendido que entre 20 e 30 representantes dos povos indígenas amapaenses devem participar. Um número menor se comparado com às últimas edições. O deslocamento para Brasília está previsto para o dia 23 de abril.


A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp), em conjunto com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab), estão organizando arrecadações de maneira on-line com a finalidade de arcar com os custos da locomoção.


O principal ponto a ser discutido no ATL este ano é a territorialidade, que passou por ataques na gestão anterior do governo federal. “Pouca gente acredita que o movimento indígena tem o seu espírito forte, que é sustentado através dos espíritos que a terra nos oferece. Então, estamos juntos com esses espíritos e também com os ancestrais que nos deixou e que estão com a gente na garantia dos direitos dos povos indígenas”, destaca o secretário adjunto da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas, Kutanan Waiana.

Cacique Gilberto Iaporré | Foto: Arquivo pessoal.

Outro ponto a ser abordado é a invasão territorial indígena pelos garimpos e pela pesca. Gilberto Iaparré, cacique do grupo étnico Kalipur, ressalta que esse tipo de atividade agride de várias formas os territórios indígenas. “Eles acabam, desmatam tudo. Não tem essa discussão, não tem essa preocupação, porque quem ganha com isso são os empresários. O trabalhador mesmo ganha uns 30%, mas quem ganha em grande proporção é quem tá financiando”, ressalta o cacique.


Além disso, a liderança Kalipur destaca que agronegócio no Amapá ainda não é tão agressivo aos territórios como nos demais estados, mas as invasões recorrentes nos territórios indígenas amapaenses são de madeireiros, da pesca e de caçadores.


Outros assuntos que também serão discutidos são as públicas de saúde, de educação e as mudanças climáticas. “Os indígenas têm pensamento e conhecimento de que as mudanças climáticas acontecem por conta do desmatamento. Desmatamento de territórios indígenas, da mineração. E é através dessas coisas que para os indígenas o mundo fica doente e aparece essa questão das mudanças climáticas”, finaliza Kutanan.


Abril indígena

O abril indígena é tratado como um momento histórico para os Povos Originários do Brasil. É um mês dedicado para reforçar as demandas presentes nas pautas indígenas e para reafirmar a existência desses povos. O ATL, que costuma ocorrer durante esse período, além de buscar discutir sobre os direitos dos indígenas, também é um evento para mostrar a diversidade desses grupos.


“É mostrar a resistência dos povos, porque para nós nunca foi fácil. Cada milímetro de avanço que nós temos em relação à conquista aos direitos e ao protagonismo ainda é mínima. Eu sempre falo que o Estado brasileiro precisa fazer uma reparação aos povos indígenas, uma reparação histórica dos povos indígenas, e o Acampamento Terra Livre traz isso, porque aí tira os povos indígenas dessa invisibilidade. Nós sofremos preconceito diário. Não é porque sou secretária que eu não sinto preconceito diário, quando as pessoas acham que nós não temos a capacidade de decidir pela nossa própria vida, de decidir o que é melhor. E no ATL isso tudo vem muito forte”, finaliza Simone.


As doações para ajudar os povos indígenas do Amapá e do norte do Pará a participarem da 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) podem ser feitas pela seguinte chave PIX: comunicacaoapoianp@gmail.com

Dados do recebedor:

Nome: Luene Anicá dos Santos

Conta: 21836-7

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