No Amapá, tratamento ainda não está disponível na rede pública de saúde.
Por Anne Karoline
A musicoterapia é uma abordagem terapêutica reconhecida e regulamentada pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia e usada no tratamento de diversas condições, incluindo o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os benefícios são inúmeros e, por isso, profissionais buscam difundir a prática no Amapá.
A terapia deve ser adaptada às necessidades individuais de cada paciente e complementar um tratamento mais amplo, que pode incluir outras intervenções. O procedimento é feito por especialista na área musical, pois a prática requer conhecimento dos instrumentos musicais.
“Os benefícios são sociais, cognitivos, estímulos da coordenação motora, expressão e comunicação verbal e não verbal, além do desenvolvimento da musicalidade e da comunicação receptiva”, pontua Alessandra Lobato, musicoterapeuta há 23 anos e que atende, em média, 100 pacientes entre crianças, adolescentes e adultos.
No Brasil, o tratamento é disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS) Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e na rede privada. Mas no Amapá a realidade é diferente, a musicoterapia não está disponível de forma gratuita e, mesmo na rede particular, o acesso é difícil.
Josi Daniele Alves se interessou pela prática e levou a filha, Maria Vitória, de 9 anos, para uma avaliação em uma clínica particular. A mãe relata que não foi fácil conseguir a avaliação, mesmo tendo plano de saúde. “Precisei acionar a justiça para que, o laudo dela pudesse ser respeitado e cumprido, dentro da prevalência da prescrição médica e do plano de saúde”, conta a assistente administrativo.
Josi ressalta que os resultados da musicoterapia são perceptíveis no tratamento da filha dela. “Teve melhora na questão da sensibilidade auditiva, concentração, entre tantos outros benefícios que ainda virão, pois a musicoterapia trabalha questões motoras e sensoriais, memória, sociabilização”, diz satisfeita com o resultado.
Para que mais pessoas conheçam a prática, o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da Universidade Federal do Amapá (Unifap) realizou, em abril, a palestra “Os benefícios da Musicoterapia para pessoas com TEA”, em alusão ao mês da conscientização sobre o autismo. Participaram do momento acadêmicos da Unifap e de outras instituições de ensino, profissionais da área da saúde e familiares de pessoas com autismo.
“É preciso ter domínio de afinação vocal, tocar instrumentos harmônicos, como piano violão, dominar instrumentos percussivos, dentre outros instrumentos. Musicoterapia é coisa séria e se feita de forma despreparada, sem compreender as técnicas, abordagens e fundamentos pode ter a ontogêneses, que são os malefícios da música no ser humano”, esclareceu a coordenadora do NAE, Suelen do Socorro, durante a palestra.
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