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  • Foto do escritorFernando Tavares

SETEMBRO AMARELO: discentes da UNIFAP relatam crises de ansiedade no ambiente acadêmico

Atualizado: 28 de out. de 2022

‘‘Já tive uma crise antes de entrar na Universidade, durante o meu período de estudos para o Enem. Já matriculada na instituição, as crises tornaram-se cada vez mais frequentes’’


(foto: Adobe Stock)


É responsabilidade da instituição universitária o cuidado da saúde mental da juventude, especialmente criando um ambiente acolhedor e restringindo as motivações externas dos transtornos, conscientizando o público acadêmico, entre docentes, técnicos e mesmo discentes para conhecer sobre as fragilidades psicológicas e acolher tantas pessoas em um momento tão peculiar da sociedade e da humanidade.

Inclusive, desde 2015, o debate vem se ampliando com a campanha de saúde do setembro Amarelo.


A pandemia do Coronavírus, vivida em 2020, abalou a estrutura psicológica de muitos brasileiros. Mas, você deve estar pensando: o porquê a pandemia da Covid-19 ainda é foco para essas demandas? A resposta é simples, nada foi feito para cuidar da saúde mental da população brasileira.

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), só no primeiro ano da pandemia houve um aumento de 25% de casos de ansiedade e depressão. Atualmente, a OMS menciona o Brasil como país mais ansioso do mundo.


O cenário estudantil não está de fora desse contexto, mais especificamente na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) esse impacto é notado no retorno do ensino presencial, após dois anos em modo remoto. Com isso, aconteceu esse choque na vida dos estudantes, que após o isolamento social, o universitário volta à sua rotina com o psicológico fragilizado.

Nessa volta à normalidade, o estudante encontra diversos motivos para ter gatilhos de crises de ansiedade e depressão. Fatores psicossociais associados aos transtornos mentais são, por exemplo, questões de identidade de gênero, sexualidade, racismo, assédios sexual ou moral, das condições socioeconômica, distância da família, dupla jornada, violência, uso de bebidas alcoólicas e outros. Apenas um estopim desencadeia uma sucessão de acontecimentos para ocorrência das crises de ansiedade.


Discentes da Unifap. (Foto: Gabriela Matos/AGCOM)


Acadêmicos narram suas histórias. Dhemison Mateus, de administração, Debora Monteiro, de jornalismo e Beatriz Torres, de fisioterapia contam suas vivências dentro do campus universitário.


CRISES DE ANSIEDADE

A ansiedade é comum nos seres humanos, em diversas situações pode-se ficar nervoso, mas tem que ter um cuidado especial quando esse sentimento passa a ter domínio sobre a pessoa, ocasionando em um transtorno mental. O transtorno de ansiedade varia de pessoa para pessoa, entretanto, os principais sintomas são: respiração ofegante e falta de ar; palpitações e dores no peito; fala acelerada; insônia e preocupação excessiva.


Aspectos como a metodologia da disciplina é repassada, o relacionamento com os colegas de sala, prazos e quantidades de tarefas a cumprir, necessidades de estudos associados ao trabalho, são algumas questões que parecem ser mínimas, porém tem um efeito forte no indivíduo com predisposição a transtorno de ansiedade. Mas, é importante destacar que uma crise de ansiedade não tem somente um fator e sim vários. ‘‘Já tive uma crise antes de entrar na Universidade, durante o meu período de estudos para o Enem. Posteriormente a isso, já matriculada na instituição, as crises tornaram-se cada vez mais frequentes’’, relata Beatriz estudante de fisioterapia.


SALA DE AULA


Imagem ilustrativa de uma apresentação em sala de aula. (Foto: Alessandra Guedes/Unifap)


Aquele nervosismo antes da apresentação de algum trabalho da faculdade, esse sentimento é comum em todos. Contudo, deve ficar atento em como essa emoção te abala. É o caso da estudante de jornalismo, Débora Monteiro, que ficou em estado de choque durante uma apresentação. ‘‘Uma certa vez, eu tinha um seminário pra apresentar e quando chegou a minha vez, simplesmente estava tão ansiosa que travei, não consegui falar nada, foi horrível’’, comenta a estudante de jornalismo.


‘‘Precisei sair da sala de aula por aproximadamente trinta minutos para conseguir controlar a respiração, o choro e me acalmar de fato para conseguir me apresentar’’, relata Beatriz.


O estudante pode estar tendo uma crise de ansiedade ao seu lado e você nem percebe. O acadêmico de administração, Dhemison, fala sobre suas últimas duas crises recentes, que preferiu não avisar para ninguém. ‘‘Tive duas crises recentemente, em aulas diferentes. Mas não anunciei para ninguém e acredito que ninguém tenha percebido também’’, comenta o universitário. A psicóloga da Unifap, Thaís Araújo, orienta que em caso de crise de ansiedade, o estudante poderá pedir licença para sair de sala para tomar um ar, buscar acalmar-se, retomar o controle da respiração, respirar fundo, mudar o foco de seu pensamento. Todavia, a psicóloga alerta que cada caso é um caso. Então, o ideal é procurar ajuda especializada.

‘‘Em casos de crises de ansiedade é recomendável que o estudante busque ajuda psicológica e posteriormente seja avaliado por um médico psiquiatra. Lembrando que cada situação deve ser cuidadosamente avaliada’’, diz a Psicóloga


SETEMBRO AMARELO


(Foto: Arquivo Adobe Stock)


Desde 2015, no Brasil, o mês de setembro é designado para campanhas publicitarias na prevenção ao suicídio. O que muitos não sabem é a origem desse simbolismo, a cor do mês, foi inspirado na morte do Estadunidense Mike Emme, que cometeu suicídio aos 17 anos, em 1994. O estadunidense tinha um carro amarelo. No dia do seu velório foi distribuído fitinhas amarelas com frases motivacionais para quem estivesse no local.


Os sintomas de depressão varia de pessoa para pessoa, mas deve ficar atento aos sintomas: interesse diminuído, fadiga, tristeza constante, sentimento de inutilidade, alteração no sono e dentre outros sinais devem ser orientados a buscar ajuda especializada. E não somente adiar o tratamento psicológico. Então, é fundamental que o estudante esteja em alerta as mudanças em seu corpo. Bem como, relata a psicóloga Thais. ‘‘é importante o estudante também assumir que precisa de ajuda profissional’’.



SUICÍDIO


Segundo dados coletados entre 2014 e 2019, a Insurtech Brasileira Azos obteve a informação que a faixa etária de suicídios está entre 21 a 30 anos. Visto que, nesse período, o jovem tem que começar a ‘‘criar o seu futuro’’. Outrossim, os dados de 2018 da Organização Mundial da Saúde, reafirma sobre o suicídio ser a quarta causa de mortes de jovens de 15 e 29 anos.


Outro dado alarmante é a taxa de suicídios entre universitários ocupar o primeiro lugar na América Latina. O aumento do número de casos de jovens suicidas é uma questão de Saúde Pública. O suicídio é um resultado de uma ação desencadeada pelo acumulo de vários fatores. Por isso uma das razões do aumento do número de casos nessa juventude resulta na transição da adolescência para juventude/vida adulta, uma transição bastante problematizada. Uma vez que, surgem as responsabilidades, a primeira moradia, ainda mais se for a primeira moradia fora da cidade natal, caso esse aluno tenha dificuldade de fazer amizades, tudo intensifica. É a situação de discentes que vem de outro estado ou município, com isso, vem as responsabilidades. ‘‘há aqueles que vem para Macapá vindo de outras localidades, saem do Ambiente familiar, sem suporte social, isso é um fator de instabilidade social’’, diz a Psicóloga.


A Universidade Federal do Amapá durante os últimos anos, a faixa etária dos novos ingressantes na Universidade, é um público mais novo, recém formado no ensino médio. Com isso, vale pensar um ambiente mais humanizado, e menos institucionalizado. Assim como, a estudante de fisioterapia relata sua vivência nesse ambiente.


‘‘Há muita pressão nesse ambiente, e é uma briga constantes de egos e opiniões que me levou a desacreditar um pouco da minha capacidade’’, comenta.


No mês passado, a Unifap perdeu dois alunos. A diferença de um suicídio para o outro é de onze dias, nos dias 10 de agosto e 21 de agosto. O que se tem feito para ajudar esses estudantes? Será que falta políticas públicas de acolhimento para essas pessoas? Será que são feitas campanhas de prevenção ao suicídio durante o ano todo? Qual a demanda de prioridade na Universidade?


Porta de entrada da PROEAC. (Foto: Gabriela Matos\AGCOM.)


A Unifap disponibiliza assistência psicológica para alunos do campus Marco Zero, através da Pró-reitoria de Extensão e Ações Comunitárias (PROEAC), no Departamento de Saúde, na Divisão de Serviço Psicossocial. Nesse serviço, você encontra uma escuta especializada com os psicólogos Thaís Araújo e o residente Vinícius Vanzaler.


O atendimento é presencial e on-line. A solicitação do atendimento psicológico pode ser feita de três formas: ir até a coordenação do seu curso e solicitar a via administrativa; ir direto na central de atendimento, no prédio da PROEAC; ou por e-mail: taisdearaujo.psi@gmail.com


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