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Parque das Pororocas: projeto busca pororocas perdidas no Amapá

O projeto é desenvolvido por surfistas e visa mapear as pororocas que ainda ocorrem no estado


Por Beatriz Viegas e Marcileia Pantoja


Expedição Parque das Pororocas organizada pela Associação de Velejadores do Amapá. Foto: AVAP


Durante muitos anos o Amapá foi palco de um grande fenômeno natural: a pororoca. Conhecida por ser um dos maiores fenômenos dos rios, a pororoca surgia no encontro do Rio Amazonas com o Oceano Atlântico, que formava grandes ondas. O encontro das águas encantava turistas e surfistas do Brasil e do mundo, que encaravam o desafio de surfar nas grandiosas ondas da pororoca. Mas por conta dos impactos ambientais, as pororocas têm desaparecido.


A principal pororoca do Amapá, a do Rio Araguari, de acordo com a professora e oceanógrafa Neuciane Dias, teve seu fenômeno interrompido em 2013 em decorrência dos impactos ambientais. A criação de búfalos às margens do rio e a instalação de hidrelétricas causaram tamanho impacto ambiental que deu fim as ondas que atraíam muitos turistas ao Amapá.


Buscando reviver esses desafios e adrenalinas aquáticas, o projeto O Parque das Pororocas vem mapeando locais onde ainda acontece o fenômeno natural. Mais do que diversão, a iniciativa tem encontrado novas ondas que podem incentivar mais uma vez o turismo e a movimentação da economia para a região. Esse mapeamento pode incentivar atividades esportivas, de lazer e o retorno de programações que possam atrair surfistas para encarar os desafios que só a pororoca proporciona.


O presidente da Associação de Velejadores do Amapá (AVAP), Jim Davis, explica que o projeto começou em 2013, última vez em que ocorreu a pororoca do Rio Araguari. “Foi um trabalho de pesquisa empírica, de campo, indo surfar e conversando. De 2013 pra cá, a gente começou a pesquisar e a descobrir. No final a gente conseguiu perceber que existem muitas pororocas e decidimos colocar o nome do produto de O Parque das Pororocas, por conta dos outros parques que temos como, por exemplo, o Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque”, relata.


O mapeamento descobriu ondas na região da Vila do Sucuriju, que já foram batizadas com o nome de Pororoca do Sucuriju. Esta é uma onda parecida com a grande pororoca do Rio Araguari, extinta por impactos ambientais. Além desta, tem também outra que acontece nas proximidades do Arquipélago do Bailique.


O mapeamento já descobriu ondas em vários rios. Foto: Secretaria de Meio Ambiente


Até agora foram mapeadas as pororocas sobre o Rio Uaçá, Rio Caciporé, Rio Cunani, Rio Calçoene, Rio Amapá Grande, Rio Macarry, Cantinho do Norte, Rio Flexal, Rio Sucuriju, Pororoca Oceânica, Maracá-Jipioca, Pororocas do Arquipélago do Bailique e Parazinho.


Ainda segundo Jim Davis, o fenômeno das grandes ondas poderia trazer bom retorno para a economia do Estado, uma vez que chamava a atenção e atraía pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo. Jim destaca também que o surf está numa ascendente e, segundo observações dele e dos demais autores do projeto, se mostrarem o que tem aqui, o Estado poderá ser consumido pela Europa e pela América.


Além disso, o presidente destaca que quem surfa esse tipo de onda quer enfrentar a adrenalina, que é o caminho até as localidades onde ainda acontecem os fenômenos. Vale ressaltar que o projeto O Parque das Pororocas não conta com apoio de órgãos públicos, mas o grupo de velejadores garante que vão continuar com as atividades mesmo sem apoio.


*Reportagem produzida na disciplina de Redação e Reportagem II, ministrada pelo professor Alan Milhomem.


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