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  • Foto do escritorIngra Tadaiesky

Encerradas as buscas em Calçoene à procura dos adolescentes

População calçoenense criou rede de apoio para ajudar autoridades nas buscas que duraram mais de duas semanas


Em 8 de abril de 2021, a população do munícipio de Calçoene, no estado do Amapá, teve sua rotina completamente alterada por dias e semanas. Renato Siqueira de Jesus (13) e Fabrício Oliveira Barbosa (14) foram apanhar açaí na mata e não voltaram. O desaparecimento desses adolescentes mobilizou toda a cidade. Renato e Fabrício estão em uma região muito distante de Calçoene, na Floresta Nacional do Amapá.

Equipe de buscas/ Foto: Arquivo Pessoal

“Nós queremos as respostas, pois a sociedade está muito aflita. Nós não medimos esforços para lutar e achar essas crianças”, diz o vereador de Calçoene Socorro Costa, que participou ativamente das buscas, “não deixaram nem ao menos uma pista do desaparecimento dessas crianças”, desabafa ele, que ainda não está satisfeito com os resultados e nem com o encerramento das buscas.

Foto: Arquivo Pessoal

A procura contou com uma equipe composta por Polícia Militar, Guarda Florestal, Delegacia Civil, Bombeiros e Exército Brasileiro. O Bombeiro George Bacelar é o 1° Tenente do Corpo de Bombeiros Militar e oficial chefe de operações, planejamento e logística do Comando Unificado. Ele alega que a mata em que os adolescentes se encontram possui regiões completamente desconhecidas e não catalogadas. “São aproximadamente 200 km quadrados de área para a gente percorrer. É uma área violenta, que não tem como a gente cobrir de uma forma que não seja especializada”, explica ele.

Foi identificado, na localidade, um fenômeno chamado Repiquete, que muda o curso das águas dos rios e afluentes, dificultando a detecção de pistas e rastros. Não se sabe para qual direção os meninos estão se movimentando, sempre que é encontrado algo que possa ajudar nas buscas, a atenção é concentrada nesse lugar com o sobrevoo de helicóptero.

George afirma que não existem hipóteses para o desaparecimento. “Nós temos aqui uma situação que possivelmente os jovens se perderam, chovia muito e esse caminho muda bastante conforme essa força da chuva, essa mudança é repentina e brusca. O curso da água muda bastante. Qualquer outra teoria é fake news”, esclarece.


Imagem aérea da floresta. Foto: Print de vídeo de arquivo pessoal

REDE DE APOIO

Foi criada uma rede de apoio dentro da comunidade calçoenense. Moradores colaboraram como puderam com as equipes de buscas. Não foi permitida a entrada na mata, por motivos de segurança, mas estiveram sempre presentes para dar pratos de comida e água potável. “As pessoas mais simples que agregam mais, faço um agradecimento porque às vezes a gente precisa de um copo d'água e dão pra gente ou fazem orações”, falou George.

Luciano João Monteiro Ramos é pai de Renato e falou que esteve em contato com um pajé da região para ajudar na procura. Pois, conhecer bem a área e já encontrou pessoas que desapareceram pelo perímetro. “Todo dia eu vou à busca, tenho uma grande fé em Deus de encontrar essas crianças com vida. Conversei muito com o Pajé e ele me deu esperanças que os meninos estão vivos ainda”, fala o pai.

O QUE FAZER QUANDO UMA CRIANÇA DESAPARECE

A Lei N° 11.259 de 30 de dezembro de 2005 determina a investigação imediata de crianças e adolescentes desaparecidos. Não é necessária a espera de 24h para o registro do boletim de ocorrência. Este deve ser feito imediatamente da Delegacia de Polícia mais próxima.


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