top of page
  • Foto do escritorAGCom

Casa Amanhecer: suporte e ajuda para amapaenses com câncer em São Paulo

Atualizado: 15 de mai. de 2023

Ao todo, já passaram por lá mais de 600 pessoas de diferentes idades em tratamento.


Por Anna Clara Trindade

Parte dos moradores da Casa Amanhecer. Fonte: Necy Monteiro.

Fundada há quase uma década, a Casa Amanhecer surgiu a partir da necessidade de pessoas que residem no Amapá fazerem tratamento de saúde fora do estado. Tudo começou quando a assistente social Lêda Araújo precisou acompanhar uma amiga até São Paulo para tratamento oncológico paliativo, visto que ela já havia sido desenganada pelos médicos, em Macapá. Ao se deslocarem até a cidade de São Paulo, as amapaenses enfrentaram, além de outras dificuldades, o desafio de acomodação. Vale ressaltar que o Amapá não dispõe de tratamentos avançados para o câncer e, em muitos casos, os pacientes precisam fazer tratamento em outros estados.


Essa amiga venceu o câncer em estado terminal, e isso causou esperança e ânimo em outras pessoas que também lutavam contra a enfermidade, o que ocasionou uma grande busca por tratamento na cidade de São Paulo. A princípio, Lêda alugou um apartamento para abrigar quatro pacientes. Entretanto, pelo crescente número de novas pessoas chegando, somado ao fato de começarem a sofrer pressão de moradores do prédio, houve a necessidade de mudar para uma casa. Em uma região próxima, Lêda encontrou uma casa na qual se estabeleceu, que hoje é conhecida como “Casa 1”.

Casa 1, que fica localizada no bairro da Consolação. Foto: Oziel Brandão.

Hoje, a casa conta com 12 suítes e passa por constantes reformas, sempre se adequando às necessidades dos pacientes. Ao todo, já passaram por lá mais de 600 pessoas de diferentes idades em tratamento, sejam elas pacientes oncológicas ou com doenças de alta complexidade que não podem ser tratadas em Macapá, sem contar os acompanhantes. Vale ressaltar que, apesar de aproximadamente 90% dos hóspedes serem amapaenses, a casa também recebe pessoas de outros estados e, até mesmo, de outros países.


Alguns pacientes dependem inteiramente do projeto, pois a família se compromete em ajudar, mas essa ajuda dura poucos meses. “A gente continua com o paciente, seja pra ele voltar curado ou pra ele partir”, afirma Lêda. Atualmente, o projeto caminha porque muitos pacientes colaboram financeiramente, além das ajudas fixas de pessoas que se dispõem e de ofertas direcionadas quando é necessário comprar algo para a manutenção do ambiente.


Como consequência da constante chegada de novos pacientes, houve a necessidade de outros espaços para acolhê-los. Hoje, o projeto conta com três casas e dois apartamentos. “A gente atende conforme pode, porque as casas estão lotadas. Se a gente tivesse recursos, já estaria na décima quinta, porque é muita gente, mas não temos recursos”, relata a fundadora.


Necy Monteiro teve uma recidiva descoberta em abril de 2015, em Macapá, e precisou ir urgentemente a São Paulo. O Projeto Amanhecer estava iniciando. Hoje, ela está em remissão oncológica ou, como a própria prefere dizer, cura. Ela tem determinadas responsabilidades dentro da casa: “Aqui, atuo como conselheira, sou convocada por Deus para ministrar a palavra nos cultos de oração, que acontecem às 18h, todos os dias. Também faço serviço de acompanhamento às pacientes nos hospitais, desde o cadastro até o acompanhamento em si”.


Para ter acesso ao hospital em São Paulo, é preciso ser cadastrado no posto de saúde. Após esse cadastro, a pessoa é direcionada a um dos sistemas: CROS (estadual) E SIGA (municipal) e, então, é necessário aguardar ser chamada para a rede do estado/município ou particular para iniciar o tratamento. Essa espera pode levar de um dia a três meses. “As pessoas precisam de instruções de como proceder, como lidar com as reações do tratamento. Deus me usa para conversar e ouvir as pessoas. É necessário ter alguém que ouça e tenha a palavra de Deus pra ministrar no coração das pessoas. Desde que eu vim, fui rodeada de amor, e é esse amor que move meu coração”, afirma Necy.


A fundadora Lêda ressalta que, em Macapá, a Unidade de Alta Complexidade Oncológica (Unacon) não disponibiliza uma equipe multidisciplinar para acompanhar um paciente em estágio terminal. Uma necessidade que o Projeto Amanhecer também trabalha para sanar. “O paciente terminal precisa ser assistido. No processo de acolhimento, ele pode se encontrar, trabalhar sua mente e sua fé, se sentir amado e aprender a se amar. Quando ele recebe tudo isso, é fantástico como ele responde, tanto na questão da saúde, porque ele pode ficar curado, quanto pra ter uma morte mais serena”, garante a assistente social.


Celebração do término do procedimento de quimioterapia de uma moradora da casa. Foto: Necy Monteiro.

De acordo com a fundadora, os próprios pacientes ajudam-se mutuamente, tanto financeiramente quanto no incentivo para realizar programações nas casas. “Eles são unidos, se acompanham no hospital, festejam cada aniversário. Às vezes, você até confunde quem é o paciente e quem é o acompanhante, porque é muita alegria, mesmo aqueles em estágio terminal”.


Nilza, uma das pacientes oncológicas, conta que ela e outras pacientes, no pós-tratamento, sempre marcam um encontro em Macapá. “Fazemos nossos encontros para conversar sobre experiências que tivemos lá, o que deu certo, o que não deu. É sempre muito legal fazer esse tipo de coisa!”, relata.


Lêda assegura que a caminhada do projeto tem sido um milagre: “A Casa Amanhecer é diferente! Não é porque eu fundei esse trabalho, mas sim porque eu acredito que é Deus que faz isso. Tem tanta coisa que acontece no projeto que não foi programado. A gente não escreveu essa história, ela está se escrevendo com o retalho da história de cada um que aqui chega”.


Se sentir o desejo de contribuir com esse projeto, a chave PIX para doações é o CNPJ: 28.183.315/0001-30. Também é possível acompanhar a associação pelas redes sociais. No Facebook, encontra-se como Casa Amanhecer. No Instagram, o perfil é @casa.amanhecer.


5 comentários
bottom of page