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Uma desinformação é um ato irresponsável. Uma ação que gera mais mortes é um ato criminoso.

Por Lylian Rodrigues


O Governo Federal do Brasil lançou uma campanha nacional para o país não parar, não fechar as escolas, manter a circulação normal no comércio. A campanha lançada, que considero desrespeitosa, não resguarda o risco sócio econômico das famílias pobres ou mais pobres, mas o risco econômico para o país, na geopolítica das bolsas de valores e das ações neoliberais. A campanha é um vídeo que usa a imagem das pessoas, uma música comovente e um discurso depressivo. E vai custar R$ 4,8 milhões[1].

A gravidade não está só no vídeo. Mas, outros materiais nas redes convocam carreatas, em Curitiba, Manaus, Valadares. Pelo menos não farão passeatas, possivelmente compreendem o risco. Mas, assumem a irresponsabilidade de compartilhar o convite para estar nas ruas, para convocar o retorno da economia ativa no país e distribuir informações desencontradas e debochadas sobre a doença. A Organização Mundial de Saúde decretou o vírus como pandemia, no dia 11 de março. Dia 20 de março, o Ministério da Saúde no Brasil declarou situação de transmissão comunitária no Estado pelo Coronavírus e recomendou isolamento. Nesta mesma data, praticamente todos os governos estaduais já tinham publicado Decretos para controles de circulação nas cidades.


Não podemos parar, mas devemos. Nem estamos parados, estamos em ação em vários espaços, em casa e até mesmo nas ruas, remotamente. A questão é como garantir o máximo de isolamento, que tem sido fundamental para não aumentar a contaminação, que pode gerar maior índice de mortes.


Jose Fernando Diniz Chubaci (Instituto de Física da Universidade de São Paulo)

A garantia de proteção à vida é parar o vírus, o que significa parar a economia, a circulação e o mercado. Primeiro a vida, depois a gente administra o mercado. A doença tem fases. É fácil lembrar as outras viroses que atingem uma casa, uma vizinhança ou uma escola. Ela espalha-se, primeiro tem um doente, depois outro. Em algum momento, muita gente doente e, finalmente, todos se recuperam. No Brasil, estamos na fase de transmissão comunitária. Já é uma segunda etapa. É um nível de alerta e resposta imediata, é uma fase grave de contágio. Por isso, excelente e apropriado momento para Ficar em Casa.


A primeira fase é de contenção, a segunda de mitigação (na qual está o Brasil hoje), a terceira de supressão e a quarta de recuperação.



Neste período de contaminação comunitária, as medidas dos governos estaduais são necessárias, por meio dos Decretos, reduzindo ao máximo a circulação das pessoas na cidade, especialmente em lugares como escolas ou comércio. Os nossos números não estão em fase de abrandamento. Eles crescem e rápido. No dia 26 de fevereiro, houve o 1º caso no país. Duas semanas depois, no dia 13 de março, havia 100 casos confirmados. Em pouco mais de três semanas, no dia 21 de março, já eram mais de 1000 casos confirmados com 18 mortes. Hoje, dia 27 de março, um mês após o primeiro caso confirmado, as Secretarias de Saúde dos estados registram mais de 3000 casos e 77 mortes. O Governo Federal do Brasil deve estar sofrendo de negação diante da realidade.


No período de contenção do vírus, a primeira etapa da doença, o Sr. Presidente Jair Bolsonaro agiu contrário a todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde e outros países que já estavam tomando medidas nacionais para não propagação da doença. No dia 10 de março, disse que o Coronavírus era uma fantasia e fez seu recorrente discurso ofensivo à Imprensa. No dia 16 de março, ele volta a minimizar as ações de isolamento e reafirma que a economia não pode parar. Assim, por parte da Presidência, estava garantido o mau sucesso, na primeira fase.


No dia 24 de março, com mais de 2000 infectados e com 46 mortes, no país, o presidente da República faz um pronunciamento e pede o fim do confinamento em massa. Felizmente e sensatamente, os governadores estaduais, em reunião extraordinária virtual, no dia seguinte, decidem manter as medidas restritivas, contrariando o Governo Federal. A única exceção foi o governador de Brasília, que não participou do encontro[2].


Hoje, 27 de março, é lançada uma campanha presidencial contra as medidas de combate ao Coronavírus, “O Brasil não pode parar” para a retomada econômica. Falar em gripezinha, histórico de atleta ou vidro blindado é matéria para meme. É desinformação e piada. Tomar atitudes que impeçam a segurança da saúde nacional, é irresponsabilidade. Institucionalizar, por meio de campanha, o combate às medidas de proteção e contenção do Coronavírus, é crime contra a saúde pública.





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