Os problemas continuam nesse período de possível retomada das atividades acadêmicas
Por Maian Maciel
A saúde mental sempre foi um assunto bastante delicado. É o cuidado com a mente como um dos principais fatores para se estar calmo e em estado relaxado. A saúde mental do acadêmico é essencial para conduzir a rotina intensa que as universidades impõem, levando em consideração a grande carga de conteúdos diários, repassados pelas disciplinas, e a cobrança da responsabilidade por parte dos estudantes.
O ritmo de ensino exigido nas universidades impacta a vida discente, egresso do ensino médio para um ensino superior que propõe a autonomia do estudante e compromissos já agregados a mercado de trabalho. São estudos teóricos e práticos, produções individuais e coletivas, atividades técnicas e criativas que pode sobrecarregar discentes no processo de adaptação de um ensino superior.
Os estudantes sentem que são inúmeros trabalhos e com prazos rigorosos; assuntos que exigem a leitura de várias apostilas com muitas páginas; a presença em contra turnos, na universidade, para concluir as cargas horárias, entre outros fatores. O período etário também cobra da juventude o início da “vida adulta”, com preocupações do mercado de trabalho e agregações econômicas para sustentar a vida que sonha o jovem ou a jovem. Outras vezes, são estudantes que estão já cursando mais de um curso ou são mais velhos com compromissos domésticos, econômicos, trabalhistas e, às vezes, tem ainda filhos e filhas. Todas essas preocupações ocasionam uma pressão psicológica que, consequentemente, abalam nervos e equilíbrios como a saúde mental do universitário.
A pandemia no Novo Coronavírus ocasionou a suspensão das atividades para cumprimento de todas as medidas de quarentena impostas pelos órgãos oficiais de saúde. Interrompidos, a categoria discente passou a vivenciar diferentes realidades fora da instituição. Ou estão imersos nas vidas familiares, atividades domésticas, cuidados com a saúde, ocupações com a assistência social, buscas espirituais ou, ainda, sentem-se perdidos, desocupados, ineficientes, ou também buscam os cursos online, as leituras atrasadas, os trabalhos de finais de curso para avançar. Em virtude da pandemia, inúmeros impactos pessoais, sociais, econômicos, na saúde e bem-estar, também acabaram afetando a saúde mental dos universitários.
“A quarentena tem se prolongado e ocasionado muitas tensões dentro de casa, dificuldades financeiras, desemprego, estresse, desamparo, desesperança, conflitos familiares, situações de violências contra a mulher, expondo a vulnerabilidade que cercam o ambiente privado. Nesse sentido, A Unifap é o único espaço de sociabilidade no qual é possível interagir, fazer amizades, e estabelecer contato com pessoas fora do ambiente familiar” disse Thaís Helena Rodrigues, 44, psicóloga da UNIFAP.
A discussão sobre a retomada das aulas para prosseguir com o calendário acadêmico vem sendo discutida com toda a comunidade da Unifap, que vem tentando buscar alternativas para corresponder à vontade dos alunos que ainda possuem um certo receio de contaminação ao retornar à instituição, mesmo que sejam adotados alguns protocolos de segurança.
Visando atender a esses jovens que estão sofrendo as consequências da quarentena, a instituição vem auxiliando através do atendimento psicológico. “Primeiramente, não há seleção para atendimento psicológico. Qualquer estudante que sentir necessidade poderá solicitar atendimento via email para os psicólogos da PROEAC. E, posteriormente, o psicólogo (a) estará em contato e marcará o melhor dia e horário para o atendimento remoto.” completa a psicóloga.
Além dos atendimentos, a psicóloga ressalta algumas dicas que podem ser seguidas para auxiliar em uma melhor saúde mental. Entre essas atividades: praticar atividades físicas; manter alimentação saudável e equilibrada; estabelecer contato com pessoas da sua rede sócio afetiva, mesmo que seja virtualmente através de aplicativos de mensagens; reduzir o acesso as informações referentes ao Corona Vírus, pois o excesso de informações pode fazer mal á saúde mental; buscar realizar atividades agradáveis e que fazem sentido pra pessoa; buscar ajudar pessoas e fortalecer o ambiente de solidariedade; buscar conexão com a dimensão espiritual; praticar Mindfulness (meditação de atenção plena; realizar PICS (Práticas Integrativas Complementares de Saúde); que podem reduzir sintomas de estresse, ansiedade e depressão, como yoga, aromoterapia, acupuntura, entre outras.
“Devido ao histórico de depressão e ansiedade, que causa um medo constante em relação, principalmente, ao futuro, acredito que me preocuparia muito mais com a possibilidade de contrair o novo coronavírus e, conhecendo como meu corpo reage à essas doenças que citei, isso me afetaria de forma que seria inviável manter a atenção e disponibilidade para cumprir as atividades da universidade. Não esquecendo que ainda teríamos que passar por um período de adaptação, visto que terão normas de biossegurança a cumprir, como o distanciamento social, e outras coisas que não estávamos acostumados a fazer no ambiente universitário. ” Diz Lorena da Costa Maciel, acadêmica de enfermagem da Unifap.
O retorno às atividades na Unifap ainda não está definido. Até lá, está sendo discutidos sobre protocolos e orientações de saúde, os Colegiados e os Departamentos. O curso de Jornalismo lançou uma pesquisa para saber de seus estudantes sobre a retomada das aulas presenciais ou remotas. O resultado deve, em breve, ser lançado pela AGCom, conforme nos responderam as coordenadoras da pesquisa, professoras Cláudia Arantes e Roberta Scheibe. A pesquisa procurou saber das realidades socioeconômicas e tecnológicas do discente. Ao mesmo tempo, os comentários sobressaltaram as preocupações e cuidados com a saúde mental que todos devemos ter.
Em caso de ajuda psicológica, o aluno pode procurar o serviço de atendimento aos estudantes da Pró-Reitoria de Extensão, que estará disponível para auxiliar no tratamento. Os atendimentos são feitos pelos psicólogos Thaís Araújo e Flávio Pinto, conforme a disponibilidade de ambos sobre o dia e horário.
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