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Nas exatas, mulheres caminham para a quebra da desigualdade de gênero

Infelizmente, relatos de preconceito, assédio e desigualdade de gênero ainda são comuns entre as mulheres que atuam nas exatas.


Por Talita Paiva

O público feminino ainda é menor nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Arte: Guia do Estudante.

A representação feminina em áreas de exatas, na universidade e mercado de trabalho, simboliza um caminho para a quebra da discriminação profissional baseada em gênero. Apesar do aumento do ingresso do público feminino nessa área, a presença de mulheres nos cursos das áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ainda é minoritária.


No Amapá, de acordo com docentes do colegiado de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Amapá (Unifap), cerca de 10 a 12% dos acadêmicos dos cursos de ciências exatas são do público feminino. No entanto, a porcentagem não assusta as mulheres, pelo contrário. A acadêmica Lorena Roberta, atualmente única aluna da turma 2019 do curso de Ciências da Computação da Unifap, conta como foi o processo de descoberta de interesse por essa área.


“Desde a infância, sempre foi um sonho meu seguir nessa área, eu encontrei ela pesquisando na internet mesmo, pesquisei sobre o curso, sobre a grade e me encantei. Gostava de matemática e tecnologia, e o curso de Ciências da Computação juntava exatamente isso”, relata a acadêmica.

Lorena Roberta acredita em um futuro melhor nas exatas. Foto: Talita Paiva

Além disso, Lorena ressalta que não se intimida com o futuro, mesmo estando em uma área predominantemente dominada por homens. “Apesar dessa predominância, eu não me sinto intimidada. Eu sempre tive essa consciência de que as mulheres eram menores nessa área, então cada mulher que entrava lá dentro, fazia a diferença. Então, acabava que eu não me sentia inferior e não sentia medo de que fosse ruim, é claro que eu sei que as oportunidades são diferentes. Infelizmente, eu vou ter que me esforçar mais do que um homem na área, mas isso não me intimida, eu penso que meu futuro irá ser tão promissor quanto qualquer outro homem que deseja seguir na carreira”, afirma..


Mesmo com a expectativa positiva de Lorena Roberta, vale destacar que existem muitos desafios a serem vencidos pelas mulheres na prática, fora do âmbito acadêmico. O preconceito, o assédio e a desigualdade de gênero são os mais comuns. Brenda de Oliveira, acadêmica do 7º semestre de Engenharia Civil da Unifap, relata ter sofrido assédio moral logo no seu primeiro estágio.


“Meu primeiro contato com o mercado de trabalho foi em uma construtora. Meu estágio durou apenas dois meses, pois logo pedi demissão por assédio moral que eu sofria por um funcionário do local. Não consegui encontrar apoio e, por não saber mais como lidar com essa situação, resolvi me demitir em tão pouco tempo”, conta a acadêmica.


As situações não só se resumiam em práticas explícitas, mas constantemente eram apresentadas de forma implícita. Brenda ainda relata sobre a pressão que sofria, algo que não encontrava em seus colegas de trabalho.


“Em alguns momentos eu sentia que a minha capacidade era questionada por eu ser mulher. Eu sinto que, por exemplo, existem três estagiários em uma empresa, eu sou um dos três e os outros dois são homens, em nenhum momento eu senti que eles são tão cobrados como eu sou. É um pouco complicado, já senti muita vontade de desistir, eu sei que essa é a área que eu quero seguir, porém é um medo constante de trabalhar na área e sempre ser questionada, sempre sofrer assédio e não ser respeitada”, destaca Brenda.

Profa. Fernanda desenvolve projetos para incentivar as alunas nas exatas. Foto: Talita Paiva

A professora Dra. Fernanda Smith, do curso de Engenharia Elétrica da Unifap, acredita na melhora desse cenário, ainda que exista muitas barreiras culturais que concentram carreiras consideradas “femininas” e “masculinas”.


“Essa problemática acredito seja cultural, está em todo lugar. Dentro das famílias, você acaba encontrando um pouco desse preconceito, muita das vezes por falta de informação mesmo, na escola e universidade também, acho que a comunidade em geral tem essa ‘culpa’, mas estamos caminhando. Estamos passando por um processo de mudança, hoje falamos abertamente sobre isso, antes não, a gente sabe que não é hoje que as coisas irão mudar, mas a gente vai construindo, plantando sementes para colher frutos no futuro”, afirma a professora.


Para ela, a educação é a chave de promoção e incentivo de mulheres nas ciências exatas, e a universidade não está distante dessa realidade. Autora e organizadora de projetos e ações para esse público, Fernanda segue gerando influência com suas iniciativas.


“Através desses projetos, nós tentamos de certa forma ajudar as meninas do próprio curso a não desistirem. Eu entendo que meu papel de representatividade é um pouco esse, está ali pra ajudar essas meninas, além de ações externas em comunidades com projetos de extensão, como palestras e workshops. Atualmente, sou coordenadora do projeto WIE que vem justamente pra isso, incentivar e promover maior participação das mulheres em ciências exatas”, finaliza Fernanda Smith.


*Notícia elaborada na disciplina de Redação e Reportagem II, ministrada pelo professor Alan Milhomem.


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