Por Brunna Silva
Candidata ao cargo de deputada federal. (Foto: Giovane Brito)
Cristina Almeida foi a primeira mulher negra a ser eleita para o cargo de Vereadora no Estado do Amapá, hoje a deputada estadual tem uma história muito bonita para contar da sua carreira, e almejando fazer mais história ela concorre neste pleito para deputada federal. Conversamos um pouco com a candidata sobre sua trajetória e a importância de ocupar esses e espaços.
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AGCOM: Quem é Cristina Almeida para além da vida política?
CRISTINA ALMEIDA: É uma mulher de lua, guerreira, de uma família tradicional do Estado do Amapá, nasci no bairro do laguinho, meu pai é do formigueiro, mas minha mãe do Município de Itaubal do Piriri, eu sou agricultora. Mas desde muito pequena eu fui ensinada pelos meus pais a entender quais as nossas limitações e o caminho para alcançar o sucesso, que é a educação. É o estudo que vai fazer com que a gente alcance o lugar que já deveria ser nosso, mas infelizmente a sociedade nos discrimina e inferioriza e nos coloca em um patamar fora das políticas públicas.
AGCOM: De onde surgiu a vontade de ingressar na política?
CRISTINA ALMEIDA: Tudo começou com o movimento da sociedade civil organizada, minha participação como sócia da UNA, e isso começou com 12 anos de idade quando minhas irmãs me levavam e na época eu não entendia, mas depois comecei a entender e ver a importância de lutar pelos nossos direitos. Também sou sócia fundadora do IMENA, o Instituto de Mulheres Negras do Estado do Amapá e dentro IMENA, eu consegui enxergar que nós enquanto movimento, nós propomos, mas precisamos da política para efetivar aquilo que desejamos. E através de um convite que foi feito pelo PSB, partido que sempre fui filiada, as lideranças me convidaram para disputar a vaga para o Senado, minha primeira disputa. Mas o meu desejo veio de compreender que as políticas públicas só acontecem com pessoas comprometidas dentro dos espaços políticos.
AGCOM: Quais dificuldades você encontrou nessa caminhada? Com tantos anos na política essas dificuldades mudaram?
CRISTINA ALMEIDA: Muda no momento que você passa a receber reconhecimento, pelo posto que você ocupa. O tempo que eu estou na política faz com o que as pessoas me respeitem, mas o respeitar não quer dizer que mudou na prática a questão do racismo, é muito lenta essa mudança. O racismo é estrutural e aí a principal dificuldade é a mesma que a sociedade enfrenta, porque quem está hoje nos espaços de poder são as pessoas que vem da sociedade e se elas são racistas na sociedade, serão dentro do parlamento também. E o racismo lá do parlamento dentro se dá na inviabilização dos nossos projetos. Ou quando são aprovados, mas não são efetivados. Um exemplo é a política de reserva de vagas, que já ganhou parecer favorável de todas maiores instâncias, mas eu como autora do projeto em concurso público para o Estado do Amapá foi engatado, e como se veta um projeto que todas as pessoas enxergam que esse é um projeto que não infringe nenhuma lei e isso é a prática do racismo, quando dificultam e mudam o cenário. A nossa luta é essa, e é constante. É reconhecer que temos os mesmos direitos, mas somos pessoas diferentes. E é necessário ter alguém que passe por isso, então hoje eu digo que nós queremos nos representar.
"...já passamos muito o bastão para outros falarem por nós e hoje nós queremos falar das nossas dores, porque só assim a gente vai conseguir fazer com que nossas pautas saiam do 13 de maio e 20 de novembro e sejam pautadas todos os dias." -Cristina Almeida
AGCOM: Quais suas propostas para deputada federal?
CRISTINA ALMEIDA: A nossa principal bandeira é a pauta da saúde pública do Estado do Amapá. Que me motivou mais ainda para disputar a vaga na câmara federal, para resolver os problemas do HE, porque terei como ajudar muitos mais, já que existem emendas, e articulações para destinar recursos e mudar essa realidade. Outro ponto é o processo de qualificação pública para os nossos jovens, porque os jovens encerram o segundo grau sem nenhuma qualificação profissional, o que dificulta o ingresso dele na área de trabalho. E claro, a bandeira das mulheres, garantir os direitos das mulheres em todos os âmbitos. Quero ser a pessoa que vai olhar passo a passo para que o Estado possa se estruturar para fazer valer a Maria da Penha.
Entrevista com Cristina Almeida. (Foto: Giovane Brito)
AGCOM: Em quais valores são pautados sua campanha?
CRISTINA ALMEIDA: É poder ser a porta voz e a experiência que tenho em conhecer todo estado do Amapá. E o compromisso que eu tenho com aquilo que eu amo, porque eu amo meu Estado e eu quero cuidar das pessoas que aqui nasceram ou escolheram esse lugar para morar.
AGCOM: Por que é importante ter mulheres pretas na política?
CRISTINA ALMEIDA: A presença das mulheres negras na política fortalece o exercício da democracia. Precisamos entender que o equilíbrio populacional ele tem que se fazer representar em todas as esferas, e no espaço de poder não é diferente. O percentual de mulheres é de mais de 50% e nós negras, representamos uma parcela, e como não estamos nesses espaços? Nós queremos representar nossas mulheres e falar das nossas dores. É importante para a gente sair da invisibilidade.
“...quem está hoje nos espaços de poder são as pessoas que vem da sociedade e se elas são racistas na sociedade, serão dentro do parlamento também.” - Cristina Almeida
AGCOM: Por que votar na Cristina Almeida?
CRISTINA ALMEIDA: Votar na Cristina Almeida é escutar a voz da maioria da população do estado do Amapá, a pobre, a preta, as mulheres e aqueles que mais precisam, vote na Cristina Almeida dia 02 de outubro.
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