A região norte do país é a que mais consome energia elétrica residencial, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Por Anny Caroliny Rêgo, Anna Clara Trindade e Maria Clara Prudêncio
A influência das mudanças climáticas provocadas pelos fenômenos El Niño e La Niña – aquecimento e resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, que afetam o clima mundial, influenciando padrões de chuva, temperatura e eventos climáticos – em especial na região norte, reverberaram em ondas de calor extremo, e, consequentemente, no alto consumo de energia elétrica residencial, em um período crítico de aumento nas tarifas.
Prognóstico climático do Amapá
O meteorologista do Instituto de Pesquisa Científica e Tecnológicas (Iepa), Jefferson Vilhena, explica que, por conta das mudanças climáticas, fenômenos naturais intensificam o clima, provocando um tempo mais quente e seco.
“Um dos principais fatores das mudanças climáticas no nosso estado é a questão da influência do El Niño e La Niña, que interferem diretamente no clima da região. O Amapá possui um período chuvoso de oito meses, que ocorre de dezembro a julho, e um período de estiagem de quatro meses, de agosto a novembro. Entretanto, o período de estiagem vem se prolongando devido à influência do El Niño, o que pode provocar secas, proliferar queimadas e consequentemente, aumentar a sensação de calor”, explica o especialista.
Para o segundo semestre de 2024, o meteorologista destacou a possibilidade de atingir temperaturas mais elevadas, especialmente durante o período de estiagem no mês de outubro, quando ocorre maior incidência dos picos de calor.
“A temperatura usual durante a estiagem varia entre 33°C e 34°C, sendo que o recorde no Amapá é de 36,5°C. No ano passado, foram registradas temperaturas de 36°C e 36,1°C. Para 2024, os prognósticos climáticos indicam a possibilidade de que esses números sejam alcançados ou até superados”, aponta Jefferson Vilhena.
O consumidor Edivaldo também mostra preocupações em relação à sua conta de energia em um futuro próximo: “A incerteza de quanto vai ser, se esses reajustes vão continuar; não temos controle sobre isso. Não sei se há muita fiscalização sobre as empresas, porque elas cobram da maneira que querem. Trabalhamos com essa incerteza de que o preço das tarifas possa aumentar. Claro que, aumentando a tarifa, aumenta também a conta de energia”.
Aumento no consumo de energia
Dados do Boletim Trimestral de Consumo de Eletricidade da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que a região norte possui a maior taxa de aumento de consumo de energia residencial do país, com 21,2% no primeiro trimestre de 2024 e 13,0% no ano de 2023. As causas para esse aumento dão-se principalmente pelo calor extremo e pela seca na região, fazendo com que os consumidores procurem alternativas para amenizar essa situação, sendo essas o uso de ar-condicionado, centrais de ar e ventiladores, aparelhos elétricos que mais consomem energia.
No mês de junho, o consumo de eletricidade nas residências foi de 13.920 GWh, crescendo 8,4% em comparação ao mesmo mês do ano de 2023. Entre os estados, o Amapá teve aumento de 17,2%, ficando em segundo lugar no parâmetro geral de consumo residencial no país, de acordo com a Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica da PNE.
Buscando alternativas para reduzir os custos, Edivaldo e sua família seguem recomendações básicas, como a Empresa de Pesquisa Energética. Dados de comparação do aumento no consumo de energia elétrica no Brasil, manter as luzes desligadas a maior parte do dia e desligar os objetos que não estão sendo utilizados. “São cuidados diários e básicos que nós, consumidores, precisamos seguir e não esperar isso das empresas. Vivemos em um país capitalista, então as empresas visam o lucro. A questão é procurar maneiras de reduzir e ter as atenções necessárias”.
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