Companhia de Trânsito de Macapá esclarece que está realizando estudo para sanar o problema. Crise no transporte público afeta várias cidades do país.
Moradores do conjunto habitacional Oscar Santos, da Zona Norte de Macapá, estão sem acesso ao transporte público. A única linha de ônibus que os atendia foi abandonada pela empresa responsável em junho, obrigando a população a se deslocar até bairros vizinhos para alcançar a frota de coletivos da cidade. De acordo com a Companhia de Trânsito e Transporte de Macapá (CTMac), um estudo está sendo feito para sanar este e outros problemas da crise no transporte público da cidade.
Lika Araújo, enfermeira de 45 anos, mora no conjunto Oscar Santos desde 2013 e utilizava frequentemente a linha de ônibus. Ela conta que desde o abandono do coletivo, a população precisa se deslocar até o bairro Jardim Felicidade para ter acesso ao transporte público - um trajeto de mais de 15 minutos. “A gente precisa do transporte e a gente vai andando [até o Jardim]. Inclusive eu fui assaltada nesse trajeto”, revela Lika.
Na visão de Jordhan Rafael, presidente da Associação de Moradores do Bairro Oscar Santos (AMBOS), a falta de acesso ao transporte público é, atualmente, a principal dificuldade dos moradores do conjunto. “A maior concentração de cadeirantes do estado do Amapá é aqui no Mestre Oscar. E estão desassistidos em relação à isso”, afirma Jordhan.
O país inteiro passa por uma grave crise no transporte público. A pandemia do COVID-19 afastou grande parte das pessoas dos coletivos, reduzindo a receita das companhias de transporte e criando um conflito entre os interesses públicos e privados. De acordo com um monitoramento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), os prejuízos causados pela pandemia ao setor de transporte já somam R$14,24 bilhões. Em Macapá, a crise resultou no abandono de diversas linhas de ônibus pelas empresas responsáveis, alegando insustentabilidade financeira. Trajetos longos, como o que conectava o bairro Oscar Santos ao centro da cidade, foram as principais rejeições.
A situação já está sendo estudada pela Companhia de Trânsito e Transporte de Macapá, como afirma seu presidente, Marcílio Dantas: “Estamos indo nas garagens para verificar realmente quais são os veículos que têm condições de utilização, para então fazer essa redistribuição. A gente sabe que tem bastante linhas que não estão sendo atendidas hoje, ou linhas que estão sendo atendidas de forma deficiente, com poucos ônibus.”, conta Marcílio.
Após o resultado do estudo, previsto para o fim do ano, a CTMac planeja então redistribuir os ônibus para as linhas atualmente abandonadas, como é o caso do coletivo que atendia o bairro Oscar Santos. “E a gente precisa fazer essa redistribuição dessa frota operacional, para que a gente possa atender essas localidades. E as empresas que não conseguirem atender, a gente abra para que outras empresas atendam, do próprio sistema mesmo”, explica Marcílio. Até lá, os moradores do bairro Oscar Santos continuam em desamparo.
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