Nos bairros Hospitalidade e Nova Brasília já foram registrados vários casos de assaltos.
Por Breno Pantoja e Winicius Tavares
O município de Santana sofre com constantes problemas na iluminação pública. Em 2018, 70% do município ficou no escuro, fato que causou insegurança e medo e com aumento no índice de violência. Os bairros Hospitalidade e Nova Brasília são os que mais sofrem com a falta de iluminação. Os principais problemas relatados pelos moradores são: casos de furtos, medo de voltar tarde para casa, assaltos e confrontos com armas de fogo.
Gabriel Barbosa vive há mais de dois meses no bairro Hospitalidade e conta que o local é muito escuro. Esse problema é ainda mais grave nas áreas de ponte, pois a única iluminação que existe é a das casas dos moradores. Ele afirma que já tentaram furtar sua casa duas vezes durante esse pouco tempo morando no bairro. Os principais alvos dos criminosos são roupas e mobílias que ficam nos quintais ou nos pátios das casas.
Gabriel também relata que tem muitos postes com lâmpadas, mas a maioria não funciona. “Alguns moradores roubam a fiação deles para uso próprio ou até mesmo fazer aqueles famosos "gatos". Alguns meliantes quebram as lâmpadas dos postes em locais estratégicos para realizar assaltos e têm muitas lâmpadas velhas e queimadas que estão lá. Ainda são daquelas lâmpadas amarelas que consomem mais energia e que não foram trocadas”, afirma.
O estudante Erick Martel foi vítima de assalto na Rua Maria Colares, em fevereiro do ano passado, por volta de 20h30. Ele conta que estava a caminho de casa depois de uma partida de voleibol e estava descendo a ladeira da rua, onde a iluminação é ruim. No momento do assalto, a vítima estava tentando chamar um táxi por meio aplicativo de transporte.
“Nesse meio tempo em que eu estava descendo a ladeira, dois indivíduos em uma moto me abordaram. O garupa apontou a arma para mim e meu colega e anunciou o assalto. Nós nos assustamos e como primeira reação corremos cada um para um lado. Como eu estava na frente e a moto do meu lado, eu só consegui correr para a frente, e os bandidos acabaram me seguindo. Corri um pouco mais para frente, mas os assaltantes gritaram "que se correr é pior". Fiquei com medo de levar um tiro e acabei parando. Levantei as mãos pro alto, e os meliantes falaram para colocar o celular no chão e sair sem olhar pra eles. Depois eles pegaram o celular e saíram em fuga”, relata.
Viviana Rodrigues é moradora da Rua Antônio Nunes, no bairro Nova Brasília, e conta que a rua dá acesso ao Terminal Rodoviário de Santana, entretanto, por causa da escuridão, muitas pessoas deixam de circular por lá por medo de acontecer algo de ruim. Por conta da falta de iluminação, o local fica suscetível a assaltos e confrontos armados.
A moradora relata ainda que tem medo de chegar em casa após as 21h por conta dos assaltos. Segundo ela, nas proximidades acontecem confrontos armados e houve um há pouco tempo com vítimas. Por ser mulher, ela conta que teme muito ser violentada à noite na rua onde mora por conta da escuridão.
A Polícia Militar, por meio da Divisão de Inteligência e Operações (DIOP), disse que realiza o mapeamento das ocorrências, o local e a frequência com que elas acontecem. Nos bairros Hospitalidade e Nova Brasília existem ordens de serviço para que haja um reforço policial, tanto em rondas como em atendimento de ocorrências.
O tenente do 4º Batalhão da PM Nilo Peçanha da Silva reforça que a segurança pública é feita em conjunto com a Polícia Civil, a Guarda Municipal e outras instituições. “Se o local está bem iluminado, vai coibir a ação criminosa. Não seria somente a PM, teria outros órgãos e empresas privadas envolvidas para tentar sanar esse problema”, ressalta.
A Secretaria Municipal de Obras Públicas e Serviços Urbanos (Semop) afirma ter feito a troca, em 2022, de toda a iluminação antiga para lâmpadas de LED em toda a extensão da Rua Colares. De acordo com o coordenador de Iluminação Pública, Ruan Vulcão, o período chuvoso do início deste ano pode ter danificado algumas lâmpadas nesta rua. Ele também destaca que a população pode informar a administração pública sobre os problemas na iluminação.
“Na Coordenadoria de Iluminação Pública, a gente faz o chamado onde o morador pode vir presencialmente. Abre o chamado e a gente envia pra empresa que presta serviços e eles vão estar fazendo lá os reparos, trocar um role, trocar um reator. Se for uma obra que deveria trocar tudo, eles fazem a troca de tudo”, afirma Ruan Vulcão.
Essas solicitações podem ser feitas pelo aplicativo Gestão de Iluminação Pública (GIP), que é uma ferramenta usada pela administração do município para prestar assistência nos serviços de iluminação pública. Acessando o software, os moradores da cidade podem solicitar serviços, fazer reclamações e sugestões para a realização de reparos no sistema de iluminação de Santana. O aplicativo pode ser baixado facilmente nas lojas de aplicativos.
Em relação a Rua Antônio Nunes, que fica em frente ao terminal, a secretaria disse que realizou alguns reparos na iluminação, porém não foi o suficiente para resolver o problema da escuridão em toda a rua. Ruan Vulcão reconhece que os serviços de manutenção de iluminação pública não acompanham o crescimento urbano do município.
“Está sendo um desafio grande para a coordenadoria conseguir vingar, pode-se dizer assim, todas as manutenções que precisam ser feitas, mas a gente tenta fazer da melhor maneira possível atender a todos os cidadãos, mesmo que às vezes o serviço possa demorar estamos priorizando todos, tentando fazer com que todos os chamados sejam atendidos”, finaliza.
No ano passado, a secretaria iniciou um processo de troca das lâmpadas de luz amarelas, de tecnologia ultrapassada, pelas lâmpadas de led, que têm alcance maior e são mais econômicas. O objetivo é diminuir os custos e contemplar mais regiões da cidade. “A gente consegue ter uma qualidade na iluminação e consegue ter uma certa economia ao faturamento da conta de energia da iluminação pública”, conclui Ruan.
*Reportagem produzida na disciplina de Redação e Reportagem III ministrada pelo professor Alan Milhomem.
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