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Foto do escritorAgnes Matilde

Exposição traz o cotidiano dos moradores do Bailique por meio da experiência sensorial

Exposição de fotos, documentário e realização de oficinas artísticas são algumas das principais partes da programação.


Por Agnes Matilde

Atividades artísticas realizadas nas expedições artísticas do Bailique são parte da exposição. Foto: Agnes Matilde

Coordenado pela Associação Gira Mundo, a exposição Tecno Barca Bailique estará disponível para visitação na Casa do Artesão até o dia 19 de maio. A exibição é resultado das expedições artísticas realizadas no arquipélago do Bailique e oferece ao visitante a experiência de se estar na localidade a partir de exposição de fotografias, documentário, áudios e atividades educativas. Além da exposição, a programação se estende para exibição de filmes locais aos sábados no espaço Casa Viva, às 19h. O último filme a ser exibido ocorrerá no dia 21 de maio.


A proposta da exposição é colocar em evidência o modo de vida da população que reside no arquipélago por meio de um espaço interativo, destacando também as questões socioambientais que vêm enfrentando, como a salinização da água e a escassez de energia elétrica. Para além desses desafios, Jéssica Thaís, uma das monitoras da exibição, observa que também é uma forma de trazer maior visibilidade e mostrar que o Bailique não é só um distrito que passa por dificuldades. "A gente queria trazer todas essas questões de vivência, de cultura de alegria, de humanizar mesmo. De dizer: ‘Não, o Bailique não é só sofrimento, ele não é só questão socioambiental. Ele também tem pessoas vivendo lá e que querem a manutenção desse espaço", aponta Jéssica.


Além das redes, a exposição também dispõe de rádios que trazem relatos dos próprios moradores das comunidades presentes no Bailique. Foto: Agnes Matilde

Dentro da programação, também foram realizadas oficinas artísticas que são realizadas nas expedições. Sereia Caranguejo, artista participante do Tecno Barca e que conduziu uma das oficinas, pontua sobre suas propostas colocadas tanto na exposição quanto na expedição se tornarem outros materiais artísticos. “Tudo o que a gente produz lá não é só nosso, mas com eles e é deles também. A gente só tá expondo o que eles vivenciam todos os dias”, expõe a artista.


A exposição também se tornou muito mais do que um momento de aprendizagem sobre o dia a dia dos bailiquenses. Contando com visitas das escolas e de universitários, professores também viram como uma oportunidade de colocar em prática os conhecimentos expostos em sala de aula. “Eu preciso que eles façam esse tipo de comparação com a vivência deles, porque a arte fica muito longe se você não consegue trazer para a sua realidade. A exposição faz justamente isso. Traz inspiração em artistas famosos, mas ela traz a realidade da vivência deles, daquilo que eles estão acostumados a ver no dia a dia, e quando você aproxima a arte da realidade do aluno, ele tem um entendimento melhor do que vai viver e apreciar no objeto de arte”, observa Adriana Araújo, professora de artes visuais que acompanhava os alunos da Escola Estadual Francisco Walcy.

Trabalhos artísticos realizados pelos visitantes expostos com fotos produzidas durante expedição da Tecno Barca. Foto: Agnes Matilde

Com dez anos de atividades, o Tecno Barca é um projeto de residência artística voltada para trabalhar com as comunidades do Bailique, trabalhando com o potencial já existente no arquipélago. O projeto foi idealizado por Wellington Dias, participante da Associação Gira Mundo e um dos curadores da exposição. A ideia surgiu com a curiosidade de conhecer suas raízes, uma vez que sua mãe nasceu e cresceu no distrito e o levou para conhecer o local pela primeira vez na época que estava de férias da universidade.


Fiquei muito impactado, parecia que eu tinha nascido lá. Tinha uma coisa que me senti muito à vontade, me senti muito em casa. Fiquei completamente apaixonado pelo modo de vida das pessoas, dessa relação com a natureza. Me senti muito acolhido e com um desejo muito grande de voltar e passar mais tempo lá desenvolvendo algo que fosse na minha área”, conta Wellington.

Alunos em visitação da exposição assistindo ao documentário sobre o Bailique. Foto: Agnes Matilde

Com cinco edições realizadas, o idealizador do projeto também revela sobre os próximos planos do projeto se concentrarem na realização das atividades no Bailique de forma mais contínua, contando com a estruturação de uma associação no local. É também pretendido levar para o arquipélago todo o material produzido na exposição, desde as atividades propostas pelos monitores às produções feitas em oficinas.



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