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AFOXÉ: O carnaval do povo preto de terreiro

Afoxé e Marabaixo fazem o carnaval fora de época da Lagoa dos Índios



Família de Santo do IGBA Asé D´Osun Emyn

No passado, quando era carnaval, saíam nas ruas os povos do terreiro ao ritmo do afoxé para celebrar a alegria do tempo e da vida. Era o ritmo que embalava também as cantigas e pontos de algumas músicas cantadas para a ancestralidade se manifestar nos rituais afroreligiosos. Foi este ritmo que encontrou o Marabaixo, no quilombo da Lagoa dos Índios, no Goibal, em julho de 2021.


Com a abertura encenada pela atriz Caroline Santos, uma chamada a Exu, começou a festa. “Exu é o começo Atravessa o avesso Exu é o travesso Que traça o final Exu é o pau No caule que sobe O caminho de além Do bem e mal Dito pelo não dito” e seguiu a poesia e composição de Eduardo Brecho, cumprimentando Exu, o primeiro Orixá a ser convidado, o que vem na frente.


“Contamos com o apoio da Secult, pela Lei Aldir Blanc, para realizar esta festa. Nossa vontade era movimentar o quilombo, fazer emergir o ritmo histórico do povo negro do amapá e de todo o Brasil. Convocar a ancestralidade desta terra e dos moradores. Por causa da pandemia, não pudemos realizar um evento com convite aberto ao público e fizemos a transmissão pela live. Este modelo é também importante pois leva conhecimento do ritmo e da história ao público geral que pode acessar as redes sociais do Igba”, relatou o coordenador do evento, Bruno Chagas, do Espaço Optcha.




O Babalorixá da Casa de Candomblé, Igba D´Osun Emyn, acredita no fortalecimento da cultura negra e de terreiro com a realização do evento, “é uma honra realizar este evento em um quilombo no Amapá. Não poderia ser mais fortalecedor para a nossa ancestralidade preta e de terreiro estar no meio desta natureza, desta mata e rodeado das energias dos nossos Orixás. É muito axé nosso Igba estar presente aqui”, declara o Babá Luizinho d´Osun.



Casa de axé locaizada no Quilombo Lagoa dos Índios, no Goiabal.

Ritmo do Afoxé é uma herança. Os atabaques do terreiro sempre revivem essa memória ancestral e celebram. Os tocadores são os Pais Ogãs da Casa. Pai Passarinho de Oxalá é mestre no batuque, já premiado também pela Lei Aldir Blanc, reconhecendo seu mérito como tocador e pela sua história com as comunidades que atende levando som e ritmo às crianças. “Era assim que o nosso povo do terreiro saía às ruas em tempo de carnaval, tocando o afoxé que é também uma batida nas cantigas do terreiro”, nos fala o pai ogã Pai Passarinho.

Mas, não só de Afoxé essa festa foi feita. A tradição afroamapaense não podia ficar de fora, trazendo o tom peculiar e regional do Marabaixo. A mestra marabaixeira Laura do Marabaixo se fez presente com caixa e voz, fazendo girar filhos e filhas de santo que estiveram presentes na Live. “É um encontro da cultura negra do estado do Amapá e da cultura negra afroreligiosa brasileira. Essa força do som, da caixa do marabaixo e do atabaque do candomblé comunica com todos nossos antepassados que também resistiram a partir da música, da dança e da celebração de estar vivo e em contato com a sua divindade”, declara Laura do Marabaixo.



Candomblecistas e também marabaixeiras

A festa contagiou as pessoas presentes, internautas e com certeza os arredores. O som dos atabaques e da caixa de marabaixo ecoou mata adentro, atravessando e alcançando a vizinhança. Foi um lindo evento celebrando a energia do povo negro, do candomblé e do quilombo.


LINK DA LIVE

https://www.instagram.com/tv/CRJyYLOp3WU/?utm_medium=copy_link

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