O trabalho consiste em identificar, classificar e catalogar as espécies de plantas. Poucos estados do Brasil não possuem a flora local identificada.
Pesquisadores do IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) Patrick Cantuária e Tonny David Santiago Medeiros realizam coleta e identificação taxonômica, ou seja, a classificação científica das espécies de plantas no Amapá. Atualmente são os únicos pesquisadores trabalhando em taxonomia em todo o estado.
Muitos estados do país estão atualizados com relação a lista das espécies que compõem a sua biodiversidade, ou seja, a flora. O Amapá ainda não tem uma lista de plantas consolidadas, segundo Patrick Cantuária a população ainda conhece pouco da biodiversidade do Estado. “De um tempo pra cá eu e um grupo de botânicos nos reunimos e estamos consolidando o início da construção da flora do Amapá. É um trabalho que demora décadas para ser concluído, mesmo assim decidimos dar início a esse trabalho no ano de 2021” explica.
Os pesquisadores conseguiram aprovar um simpósio sobre a flora do Amapá no Congresso Nacional de Botânica no dia 1 de julho deste ano. Tonny Medeiros, Patrick Cantuária, junto de doutores do IEAP Elane e Willian. “estaremos pela primeira vez em um simpósio de botânica do Amapá para conversar sobre a flora do amapá, trabalhando em diversas categorias de publicação” afirma o pesquisador Tonny Medeiros.
“Sinceramente, estou com ansiedade pelo momento. Em 2003 em Belém estava iniciando a graduação e estava durante o Congresso Nacional de Botânica no mesmo ano. Tive a oportunidade de participar como estudante apresentando trabalho e colaborar com o evento. Para mim tem um sabor particular. Em 2003 participei, em 2021 vou participar como colaborador. É muito orgulho ao mesmo tempo e ao mesmo tempo é resultado de muito trabalho, uma caminhada muito longa, muito calo e espinho na mão” desabafa Tonny.
Para Mendeiros o projeto ‘Flora do Brasil 2020 em Construção’ é a maior iniciativa sobre flora do mundo. Mais de 800 pesquisadores do mundo inteiro estão colaborando com esse projeto, a coordenadora dele esteve no Estado do Amapá em 2017, 2018 e 2019.
O homem classifica as coisas desde que ele surgiu. Angiospermas, baseada em dados genéticos, e a botânica se consolida a partir dessa pesquisa. A taxonomia é importante porque mesmo contando com diversas ferramentas e possibilidade de rastrear espécies e famílias, compreender semelhanças e discrepâncias, classificar as espécies e gêneros, realocar espécies, a genética ajuda. Mas há algo que só a taxonomia vai colocar: a morfologia.
De acordo com o taxonomista Cantuária: “Esse é um trabalho de compilar todas as informações sobre a biodiversidade vegetal amapaense. É bem demorado e exige muito esforço, conjunto de especialistas e taxonomistas. Vamos precisar da colaboração nacional e internacional para consolidar esse trabalho. A ausência dessas informações deixa o Amapá fora de diversos projetos nacionais. A ideia é colocar o estado no mapa juntamente com a consolidação da flora”.
Cada planta produz coisas específicas e características únicas, a identificação taxonômica não é um procedimento automático. “Coleto espécime, e a forma como vou coletar será de forma específica. Cada grupo precisa ser coletado de forma adequada de acordo com cada espécie. Espécies diferentes vão cruzar e gerar novas espécies, pois são seres diferenciados” explica Medeiros.
No Brasil, onde o desmatamento é desenfreado, ainda sim uma espécie de planta é descoberta por dia, sem dinheiro e investimento na pesquisa básica. A pesquisa aplicada é mais valorizada, porque há mais garantia de resultado. O problema maior é manter as atividades e as coleções. Nenhuma pesquisa científica brasileira tem investimento ideal para trabalhar e desenvolver trabalho de campo.
Segundo Tonny a taxonomia é importante pelo valor que emprega para a sociedade, nos produtos que consome, e auxilia no agronegócio. “O açaí tem o nome, pois um pesquisador se debruçou a ir à floresta e correr os riscos para coletar material e descrever essa planta, além disso, tem de publicar o trabalho. As pessoas comem taxonomia, ela colabora com a farmacologia, a botânica colabora com morfologia vegetal, com as mais variadas ciências: desde serviço social até a psicologia”.
Como afirma o especialista em botânica, a taxonomia está em todas as áreas, desde a aromaterapia, alimentação, agronegócio, ecologia, nutrição, etc. Pela primeira vez há taxonomistas coletando e classificando arduamente as espécies, levando em consideração a classificação não ser um trabalho automático. Além disso, Tonny e Patrick trarão visibilidade ao estado do Amapá no Congresso Nacional de Botânica.
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